O Último Adeus

Título: O Último Adeus
Título Original: The last time we say goodbye
Autora: Cynthia Hand
Editora: DarkSide
Ano: 2016
Páginas: 352
Tradução: Carolina Coelho
Livro: Skoob
Sinopse:

O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz.
O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante.
O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.

Lex enfim está no último ano do ensino médio, prestes a cursar faculdade. Sendo uma nerd declarada, gênio na matemática, seu sonho é ir para a MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Em casa, sua família dá todo o apoio. A mãe graduara em enfermagem há poucos anos e trabalhava em um hospital. Tyler, seu irmão dois anos mais novo, é engraçado, descontraído, bem querido pelos amigos, e namora com Ashley, líder de torcida. Lex também tem duas melhores amigas, e vem se apaixonando cada vez mais pelo namorado, Steven, que é tão nerd quanto ela. Sua relação mais difícil, no entanto, é com seu pai, que os abandonara há três anos para estabelecer um relacionamento com sua secretária.

Na verdade, depois da traição do pai, nada mais foi o mesmo. A mãe ficara deprimida, e Ty parecia odiá-lo. Só que Lex não imaginava a dimensão do sofrimento de Ty desde aquela época.

Não até Ty se suicidar na garagem de casa.


“Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio.”


Confusa, irritada, culpada, com um buraco crescendo no peito, era como Lex se sentia. Ela tentava lidar com a situação da melhor forma possível, mas acabara afastando os amigos e todos que se importavam com ela, então a mãe resolvera levá-la à um psicólogo.

A ideia que Dave propõe à Lex como terapia, uma vez que ela recusa os remédios antidepressivos, é escrever em um diário. De início, Lex pensa que tudo o que ela menos precisa é colocar seus sentimentos em um papel, mas é assim que ela inicia sua jornada complexa e dolorosa de luto e superação.


É engraçado como, às vezes, não vemos as coisas mais óbvias. Você acha que sabe o que a vida tem reservado para você. Acha que está preparado. Você acha que pode enfrentar. E então... bum!, como uma explosão, algo vem do nada e pega você desprevenida.


Setembro Amarelo é o mês de prevenção ao suicídio. O assunto é de extrema importância, e por mais que eu já tenha lido uma quantidade grande de livros sobre suicídio, eles sempre me comovem de um jeito único. O Último Adeus é triste, mas real e necessário. A depressão é poderosa e é capaz de consumir a mente da pessoa. Livros adolescentes são mais comuns de tratarem o tema por conta do bullying praticado nas escolas, mas qualquer um em qualquer idade é suscetível, e esse é o caso da obra.

Ty não aparenta ser depressivo nem é alvo de piada no colégio. Ele tivera indícios, sim, desencadeados pelo divórcio dos pais, mas foi um pedido de socorro, e a família conseguiu ajudá-lo. Eles achavam que ele estava bem. Que qualquer pensamento suicida tivesse ido embora. Ty tinha bons amigos, era alegre, amava a mãe e a irmã, e tinha uma namorada que claramente o fazia feliz. Então por quê?

Os famosos 13 porquês, não é? Razões que diferem de uma pessoa para a outra. O que é tolerável para um, é a gota d’água para outro, e a dúvida é o que permeia a história.


O tempo passa. É a regra. Independentemente do que aconteça, por mais que pareça que tudo em sua vida está congelado em um determinado momento, o tempo segue em frente.


O Último Adeus é sobre os que ficam. O processo de negação, de frustração, de questionamento, de conformação. A morte do irmão é tão surreal que Lex e sua mãe sentem pela casa a fragrância do perfume que Ty usava. Lex se afasta dos amigos, cansada do olhar de pena e das boas intenções. Ela sabe que eles querem ajudar, mas seu luto é de grande proporção, e ela não deseja afundá-los junto. Ela se culpa por não ter notado os sinais, por não ter lido nas entrelinhas, por não estar lá com ele na hora para detê-lo.

E então há os momentos de raiva, em que Lex grita com o Ty imaginário, com um possível fantasma, por ter sido egoísta e não ter pensado nela e no quão devastada a mãe ficaria. Todas as noites Lex sonha com seu irmão, e o sonho que começa relaxante, acaba com Ty morrendo de formas diferentes.


"As melhores coisas são assim, Lex, as mais lindas. Parte da beleza vem do fato de elas viverem pouco. Estas flores nunca mais serão tão lindas assim, por isso temos que apreciá-las agora."


Embora o foco do livro seja o suicídio, a história também fala bastante sobre a amizade de Lex com sua mãe e sobre o crescimento pessoal de Lex. Apesar do tema pesado, a narração é delicada e a autora soube equilibrar com maestria as partes, amenizando o capítulo seguinte sempre que o anterior contasse com cenas mais fortes. Os capítulos ora são narrados normalmente por Lex e ora são relatos seus escritos no diário, com confissões e desabafos. É através das páginas escritas por Lex que vamos descobrindo mais sobre o passado de sua família e ganhando explicações que dão maior sentido à história.

Mesmo que sejamos apresentados à Ty pelas lembranças de Lex e por sua visão de como ele era, é como se também o conhecêssemos e ele nos fosse familiar. Ty é o nosso lembrete de que um sorriso no rosto não significa nada. Antes de compartilhar do amor e da felicidade que as pessoas nos oferecem, temos que ser felizes com nós mesmos. Para Ty, infelizmente, o vazio dentro de si foi grande demais para suportar, e a culpa disso não era de ninguém.


"As pessoas que amamos nunca se vão realmente."


Obviamente chorei e muito no final. A nota da autora me atingiu com tudo. O Último Adeus é essencialmente uma história sobre o perdão. Toda a reflexão que traz é pra ser guardada num cantinho especial da mente e do coração e jamais esquecer. Depressão é um assunto sério do qual precisamos sempre ficar atentos. Seja com familiares, amigos, com nós mesmos. Não há nada de errado em pedir ajuda. Uma forcinha extra vem sempre a calhar, e isso pode se aplicar muito bem aos amigos próximos, aos pais, mas principalmente aos psicólogos.


O perdão é confuso, Alexis, porque, no fim, tem mais a ver com você do que com a pessoa que está sendo perdoada.


Quem tiver interesse em conferir mais livros sobre o tema, esses são os que já li e mais gostei:

1. Por Lugares Incríveis
2. Meu coração e outros buracos negros
3. Confissões de um adolescente depressivo
4. Os 13 porquês
5. A Lista Negra
6. Fale!

Nota: 5


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 23 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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