Se eu não te vir primeiro

Título: Se eu não te vir primeiro
Título Original: Not if I see you first
Autor: Eric Lindstrom
Editora: Rocco
Ano: 2019
Páginas: 320
Livro: Skoob
Sinopse:

Desde que perdeu a visão, Parker Grant, de 16 anos, estabeleceu uma série de regras e rotinas para si e para o mundo. Ela não quer ser tratada diferentemente por ser cega, e muito menos que tirem proveito da situação. Scott Kilpatrick é a pessoa que mais sabe disso, pois foi banido da vida de Parker depois de quebrar a mais importante das regras. Mas agora, muitas coisas estão diferentes. Alguns anos se passaram, seu pai morreu e sua tia se mudou com os filhos para sua casa. Cercada de pessoas que não conhecem sua rotina, ela precisará se adaptar novamente. E isso talvez não seja tão simples, agora que Scott, a pessoa que mais a magoou, está de volta.
Parker Grant é uma garota de 16 anos que enfrenta muitos desafios desde que ficou cega, ainda quando criança, mas a maior dor era a que passava no momento com o falecimento de seu pai.

Sua rotina em si não mudara muito. Ainda corria de manhã, sozinha, antes de ir para a escola, e depois passava o dia com a sua melhor amiga, Sarah. Mas quem dividia a casa com ela eram, sim, outras pessoas. Sua tia mudara de cidade e trouxera consigo sua família para que Parker não tivesse que se reajustar. Seu primo Petey era uma criança bacana e estava sempre a divertindo, mas sua prima, Sheila, já parecia detestá-la por tê-la “obrigado” a mudar sua vida por completo e se afastado de seus amigos.

Enquanto isso, Parker sofria com a perda do pai em silêncio e sabia esconder seus sentimentos muito bem. Com Sarah, elas conversavam apenas sobre o colégio e as pessoas novas de sua turma, incluindo o retorno de Scott, que fora seu melhor amigo e namorado aos 13 anos, e que a magoara profundamente.

Desde o acidente, Parker estabelecera regras para si mesma e para as pessoas ao seu redor. Ela não queria ser tratada de forma diferente por ser cega, e também não queria ajuda, a não ser que pedisse.


Se eu não te vir primeiro foi uma leitura totalmente diferente do que eu imaginava que seria. Parker enxergava até os 7 anos, então ela conhecia perfeitamente o caminho até o colégio, e também conhecia as pessoas, já que a cidade onde morava era pequena. Ela também contava com um grupo de amigos, sendo eles Sarah, Scott e Faith, que acabaram por se distanciar após o desentendimento entre Parker e Scott.

Molly se torna amiga de Parker no início do ano letivo, sendo sua guia durante as aulas, ajudando-a nas lições. E Jason também começa a fazer parte da vida de Parker ao ajudá-la a comprar seus tênis de corrida e mostrar um interesse além da amizade.

O livro traz bastante reflexões, mas não de uma forma sofredora ou dramática. Pelo contrário. A história é narrada pelo ponto de vista de Parker, portanto somos completamente introduzidos ao seu mundo, e acompanhamos as coisas a partir de sua perspectiva, como se fossemos cegos também, analisando tudo através da forma como a pessoa fala, sem poder interpretar suas expressões. Isso a deixa sem papas na língua também – sem ver o rosto da pessoa, ela fala o que pensa, sem medo de saber se a pessoa ficou magoada ou não com suas palavras, o que faz com que ela e Sarah se sentem no ginásio nas manhãs, e esperem a visita de pessoas que precisam de conselhos sinceros.

Mas Parker também é egoísta e vive no seu próprio mundinho. Ela vai se dar conta disso só pro final, e creio que esse seja o ponto alto da história. Por ser deficiente, ela automaticamente espera o pior das pessoas, que vão zombar dela, que vão tirar proveito, e isso implicou em sua amizade com Scott. Ela nem mesmo o deixou se explicar. E muito tempo depois, foi descobrir que o que ocorrera não era nem um pouco como ela tinha entendido. E tudo poderia ter sido completamente diferente se ela tivesse o dado uma chance. Se ela escutasse mais os amigos. Se ela compreendesse que os outros também enfrentam problemas. Isso pode se aplicar a qualquer um. Parker é cega, então ela possui uma justificativa, mas muitas vezes também deixamos de pensar no que as pessoas próximas de nós estão passando.

Ouro ponto bacana da história é que Parker é corajosa e às vezes até mesmo um pouco imprudente. Mesmo com suas limitações, ela ama correr, e acaba entrando pro grupo de corrida do colégio. Ela precisa que alguém a guie pra isso, mas ela ainda consegue ser a mais rápida de todos. E é super legal acompanhar o seu avanço, a surpresa e a preocupação dos demais, e a sensação de liberdade dela com a atividade. Nossas limitações não nos definem, e é isso o que Parker nos ensina durante todo o livro. Ela é cega, mas se esforça ao máximo para estudar e ser boa em tudo o que faz, além de ser profundamente amada por seus amigos.

Se eu te vir primeiro é uma história bonita, me peguei por várias vezes chorando, vendo Parker tentando se redimir com aqueles que também machucou. Pela sinopse eu achava que teria uma pegada mais românica entre ela e o Scott, mas esse não é o foco, e o livro vai muito além disso. Trata de conhecer a si próprio, de superar seus medos, de se preocupar com o próximo. É um livro que foi pouco divulgado, mas que eu recomendo bastante a leitura.

Nota: 5


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 25 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. O que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias, ouvindo música e estando com o seu taurino favorito.

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