Allegro em Hip-Hop

Título: Allegro em Hip-Hop
Autora: Babi Dewet
Série: Cidade da Música - #2
Editora: Gutenberg
Ano: 2018
Páginas: 336
Livro: Skoob
Sinopse:

No segundo livro da série Cidade da Música, você vai conhecer Camila. Ela é neta de japoneses e filha de pais muito rigorosos que têm grandes planos para ela e para sua irmã. Desde pequena, aprendeu que precisava se esforçar mais, que precisava ser melhor, que não existia tempo a perder na adolescência e que sua inteligência e seu talento deveriam levá-la longe. Camila, então, trocou as festas das amigas por treinos de balé, e a vontade de viajar o mundo afora pela consagrada Academia Margereth Vilela. Sua vida inteira estava programada e organizada. Até que uma crise de ansiedade a fez perceber que tudo ainda podia mudar e, depois de conhecer Vitor, um garoto desengonçado e cheio de sardas que tocava violino, a vida mostrou à Camila que uma dose de hiphop poderia fazer os dias dela mais felizes.

1 - Sonata em Punk Rock
2 - Allegro em Hip-Hop

Camila sempre teve o sonho de entrar para a Academia Margareth Viela para estudar balé. Seus pais sempre foram muito rigorosos com seu ensino, principalmente devido à cultura japonesa, e foi uma grande felicidade quando tanto ela como sua irmã foram aceitas no conservatório.

Mila já alcançava o último ano e conseguira o magnífico solo de O Lago dos Cisnes. Era uma responsabilidade tremenda, e ela sabia que tinha feito por merecer. Passara dias treinando, noites sem dormir para alcançar o passo perfeito, e isso havia custado bastante de sua saúde. Apesar da euforia em assumir um grande papel, Mila vinha ficando cada vez mais ansiosa e com receio de não conseguir exercer sua dança da melhor maneira possível. O que era estranho, já que Mila sempre fora muito confiante e acreditava em seu potencial. Mas a pressão estava toda sobre seus ombros, ainda mais quando o professor vivia criticando seus passos. Com isso, Milla começara a ficar paranoica, perdendo noites de sono para treinar, e passando fome para não perder seu corpo magro de bailarina.

Música tinha esse poder de reviver memórias e sentimentos que às vezes ele só queria ignorar.

A sorte é que Mila não estava sozinha nessa jornada. Quem trazia luz para seus dias sombrios era Clara, sua melhor amiga, também bailarina. Elas estavam sempre juntas nas aulas e também aos arredores do lugar, dando risadas e apoiando uma a outra. Embora tenham personalidades muito diferentes, Clara sendo a extrovertida, desinibida e ousada, Mila era a tímida que fugia de aglomerações, odiava discussões e nunca havia parado para pensar no amor, até conhecer Vitor.

Vitor estudava violino na academia, e sempre admirara Mila à distância. Seu melhor amigo era Sérgio, e com isso ele participava também do grupo de amigos do garoto, mas não se sentia exatamente próximo deles. E com seu jeito desengonçado, um dia ele é pego observando Mila, e começa uma conversa antes que ela o considerasse estranho. E é com o seu jeito doce, respeitoso e simpático que Vitor vai conquistando Mila e mostrando à ela o quanto estava perdendo se dedicando exclusivamente aos estudos.

- Acho que nada na nossa vida vem sem explicação. E acredito que tudo o que vem pra gente é coisa que podemos suportar. Às vezes, a gente nem sabe que pode, mas a via vai te mostrando que superar cada coisa é uma vitória. Você vai ficar bem.

Conheço a escrita da Babi desde os tempos de fanfic, mas é evidente a evolução de sua escrita ao longo de todo esse tempo. Simplesmente adorei o que encontrei nesse volume! É maravilhoso conferir um livro bom desse jeito, sendo escrito por uma autora nacional, cheia de talento!

A obra é narrada em terceira pessoa por Mila e Vitor, mas quem ganha maior destaque e parcela de narração é Mila. Entendo que ela é a protagonista, mas já que foi feito assim, senti falta de ver um pouco mais do ponto de vista de Vitor, saber mais sobre sua família além do básico apresentado, do seu dia-a-dia, ele é um personagem tão importante e amável que merecia esse desenvolvimento.

Mas compreendo também que o foco é em Mila, pois ela está passando por um furacão de sentimentos bem maior. Babi trata de vários temas atuais e de grande relevância como a ansiedade, bulimia, diversidade de etnias, pré-conceitos e temas LGBT. A parte da dedicação extrema de Mila, a levando à exaustão, foi uma parte difícil e triste de ler, porque imaginamos quantas pessoas passam pelo mesmo para se mostrarem o melhor em algo específico.

Ela sorriu, percebendo que estava completamente apaixonada por aquele garoto. Não tinha jeito. Sua vida nunca mais seria a mesma.

Gostei bastante de ver como claramente a autora fez uma pesquisa ampla acerca do balé e da cultura japonesa. Acho sensacional como a Babi descreve sobre balé, instrumentos musicais e a música em si. Eu adoro música, adoro escutar enquanto leio, mas compreender como funcionam os instrumentos, os nomes dos passos do balé, todos esses pontos foram muito bem estudados pela Babi para que ela pudesse criar essa série. Nunca li nada parecido, nem mesmo vi filmes, já que a maioria deles se concentra em danças de rua, então é magnífico poder conhecer de perto a rotina desses artistas.

A cultura e a forma como Mila fora criada também nos mostra as diferenças de cada país e tradições, ainda mais colocando Clara em contraste, que possui duas mães. Clara sem dúvidas é a personagem mais alegre e que traz diversão ao livro. As mensagens trocadas entre elas e a relação me lembrou bastante eu e a Leeh, ainda mais a parte dos surtos.

É bonito ver como Mila aos poucos vai se descobrindo e valorizando a vida além do balé que sempre fora sua paixão. Ela continuava a dar o seu melhor no balé, no qual ela de fato era excelente, mas também passa a desfrutar mais da companhia de sua melhor amiga e de Vitor, que apresenta a ela uma infinidade de novas emoções e experiências. Vitor é o meu personagem favorito, admito que pelo seu jeito me lembrar muito o meu próprio namorado, e adorei acompanhar o romance dos dois.

Aquela era uma das coisas que Vitor amava em estudar ali no conservatório: tratava-se de uma grande junção de músicos talentosos, e qualquer coisa podia virar música a qualquer hora, não importava realmente o motivo. Estamos cansados? Vamos tocar alguma música! Estamos atrasados? Música! Desilusões amorosas? Que tal essa coleção de instrumentos para te ajudar a afogar as mágoas?

Algumas cenas achei cansativas e desnecessárias, por isso não dei nota 5, mas a história é mesmo muito boa, e agora fica a pergunta: Cadê o terceiro volume, Babi?? Quero mais!! E com mais uma capa linda desse estilo também!

Nota: 4


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 25 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. O que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias, ouvindo música e estando com seu taurino favorito.

You May Also Like

0 Veja quantos dragões pousaram aqui!