A Rainha Vermelha
Autora: Victoria Aveyard
Série: Rainha Vermelha #1
Editora: Seguinte
Ano: 2015
Páginas: 422
Livro: Skoob
Sinopse:
O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.
O mundo criado por Victoria é atemporal, mas possui uma mentalidade medieval. Em uma distopia, a autora criou uma história que possui um óbvio paralelo com a realidade, gerando uma grande crítica à nossa sociedade. Em sua série, o mundo é dividido entre os de sangue vermelho e os de sangue prateado.
Mare Barrow, que obviamente possui sangue vermelho, vive de pequenos furtos para tentar manter a vida de sua família, enquanto seus 18 anos se aproximam - quando ela será chamada para lutar na Guerra contra sua vontade. Seu pai, deficiente, não pode ajudar muito a família, então Mare carrega a responsabilidade nas costas.
A vida dos vermelhos é difícil, o trabalho é intenso; eles levam toda a sociedade nas costas, mas vivem de maneira subjugada. Enquanto isso, os prateados vivem de luxo e de maneira que os vermelhos nunca poderiam nem sonhar, são a alta sociedade e nunca se misturam, principalmente por terem poderes que os vermelhos não possuem - eles podem manipular água, terra, ar, metal e etc.
Não somos iguais, embora talvez não dê para perceber só de olhar. A única coisa que nos diferencia - ao menos por fora - é que os prateados andam eretos. Já nossas costas são curvadas pelo trabalho, pela esperança frustrada e pela inevitável desilusão com nosso fardo na vida.
Sendo tão poderosos, os prateados mantêm os vermelhos sob controle com a famosa política do pão e circo. Eles montam uma arena de luta entre prateados e colocam os vermelhos para assistir, como uma luta livre, onde os prateados podem expor suas forças e poderes. Um show de maravilhas, um show de horrores. Kilorn, melhor amigo de Mare, adora as lutas, assim como a grande maioria da população, mas ela não.
Kilorn só quer vê-lo e se ilude com a ideia de que eles são humanos de verdade, de que podem ser feridos e derrotados. Mas sei que não é assim. O sangue deles é uma ameaça, um aviso, uma promessa.
Inesperadamente, no entanto, Mare consegue um emprego no palácio. Apesar de não gostar dos prateados, ela aceita, já que assim poderá manter sua família e não terá que lutar na Guerra que tanto odeia. Mas logo no primeiro dia de trabalho de Mare, ela se depara com um evento muito grande: o príncipe mais velho, que em breve se tornará Rei, Carl, irá se casar e, para isso, todas as famílias mais fortes e da alta sociedade se reúnem para apresentar uma candidata: uma demonstração de poderes e força.
Toda a seleção é apresentada para todos. Durante, um acidente acontece e, com sua vida em risco, Mare descobre e também mostra para todos que... tem poderes elétricos. Isso é impossível, é claro, já que ela é uma vermelha. Mas ela ainda sangra vermelho. E, no meio de toda essa confusão, Mare se torna alvo da Rainha que gosta de manter tudo sob controle e sabe que uma vermelha com poderes pode ser uma grande ameaça.
A Rainha, então, mente para todos e faz com que Mare também minta: diz que ela é filha de um casal de uma família da alta sociedade que morreu há alguns anos e que foi criada por vermelhos após se tornar órfã. Assim, ela se tornou um milagre. O milagre dos prateados, uma história de emoção e que só poderia terminar de uma maneira: Mare seria obrigada a casar com o príncipe mais novo para poder ser mantida sob o olhar da Rainha.
Para manter sua família fora de perigo e a si mesma, também, Mare agora precisa participar de treinamentos militares para aprender a controlar seu poder, além de ter aulas de etiqueta para se tornar a princesa que agora está destinada a ser. Uma prateada.
Estando então sob os holofotes, agora, Mare se vê em uma ótima posição para ajudar seu povo, os vermelhos, e entra para a Resistência, que pretende tirar o Rei e os prateados do poder, que tenta acabar com a desigualdade tão desumana em que eles vivem.
Na escola, aprendemos sobre o mundo antes de nós, sobre anjos e deuses que viviam no céu e governavam a Terra com mãos ternas e gentis. Alguns dizem que não passam de histórias, mas não acredito nisso. Os deuses ainda governam. Ainda descem das estrelas. Só não são mais gentis.
E, é claro, não podia faltar o triângulo amoroso. Temos Kilorn, o melhor amigo que ficou em casa e temos Carl, o príncipe proibido, que também é o inimigo. Há, também, claro, Maven, o príncipe com quem ela vai casar. No entanto, um ponto positivo é que a vida amorosa deles não é o foco principal. Exerce, sim, um papel importante (como não?), mas não é nada que nos faça perder os cabelos por isso. O livro segue de maneira gostosa, e algumas coisas ficam subentendidas, então a surpresa quando tudo explode não é absurda (o que se torna negativo).
Eu acho que até aqui já é possível fazermos um paralelo da história com várias outras séries e distopias. E eu acho que a ideia de Victoria foi realmente essa, juntar um pouco do bom de todas as histórias que adoramos e fazer outra tão boa quanto. Ao mesmo tempo que isso me fez gostar do livro, isso o fez se tornar um livro "love it or leave it". Li várias críticas por conta da falta de "originalidade", mas como alguém que já leu o segundo livro, devo dizer que o fato de ela ter se inspirado e até usado algumas coisas de outras histórias, não faz a dela pior ou menos original.
O mundo é prateado, mas também cinza. Não existem o preto e o branco.
A escrita de Victoria é gostosa, no estilo de distopia que lemos normalmente. A crítica que ela deixa nos paralelos à nossa sociedade são muito bons, tanto no quadro geral, quanto nas coisas menores. E os quotes, claro, amo todos.
Todo mundo pode trair todo mundo.
Por fim, existem personagens secundários ótimos, alguns que conquistam nosso coração para logo partir. Fico muito feliz que o triângulo amoroso exista mais na cabeça da Mare do que na nossa, pois por ser mais leve, já dá pra ver onde a coisa toda aponta. Mare às vezes deixa a desejar em sua narrativa, parecendo estar anestesiada, em torpor. A ideia até pode ser essa, em alguns momentos, afinal, sua vida sofreu uma reviravolta, mas é meio difícil lidar com algumas de suas decisões.
O livro termina, claro, da melhor maneira para já irmos atrás de A Espada de Vidro. Mesmo com algumas críticas que eu li, ainda assim gostei bastante do estilo de leitura e de algumas coisas me lembrarem outras séries. E, afinal, os direitos para fazer filme já foram comprados, então digamos que a receita dá certo, né?
Nas histórias, nos antigos contos de fadas, um herói sempre aparece. Mas todos os meus heróis estão longe ou mortos. Ninguém vai aparecer pra mim.
Sobre mim: Letícia Proença (Leeh), finalmente Medica Veterinária, até hoje não sabe como leva a graduação e a paixão por sites e livros lado a lado. Canceriana louca, gostaria de saber como aumentar as horas do dia para poder fazer tudo o que gosta.
0 Veja quantos dragões pousaram aqui!