A Garota do Orfanato Sombrio

Título: A Garota do Orfanato Sombrio
Título Original: Bad Girl Gone
Autor: Temple Mathews
Editora: Jangada
Ano: 2018
Páginas: 336
Tradução: Denise de Carvalho Rocha
Livro: Skoob
Sinopse:

Echo Stone acorda suando frio num quarto escuro e desconhecido, sem saber exatamente como foi parar ali. Tentando entender a situação, ela descobre que aquele lugar sombrio é a “Casa do Meio”, um orfanato que abriga crianças e adolescentes. Só tem um problema: Echo não é órfã, seus pais estão vivos! Mas ninguém parece se importar com suas explicações e o único disposto a ajudá-la a fugir dali é Cole.
Mas quando a garota consegue voltar pra casa o problema fica ainda pior: uma fita amarela da polícia indica que um crime horrível e violento aconteceu - seu próprio assassinato! Echo está morta e não sabe como isso aconteceu. Desesperada para ter sua vida de volta, ela inicia uma busca para resolver esse enigma e, à medida que cresce a lista de suspeitos, ela descobre que não é a garota boazinha que julgava ser...

Imagine acordar num quarto escuro e irreconhecível. É justamente a situação em que Echo se encontra. O negrume à sua volta é denso e sufocante. Ela vê sombras a cercando e risadas que aparentam ser de crianças, mas não sabe como foi parar naquele quarto.

Felizmente, as respostas não demoram a aparecer. Quando acorda novamente, desejando que a cena de antes tivesse sido apenas um sonho, Echo se depara com um grupo de olhares curiosos a estudando. Há crianças e adolescentes ao redor de sua cama, e elas contam que Echo está num local chamado Casa do Meio, destinado à órfãos.

Mas acontece que Echo não é órfã. Seus pais estão vivíssimos e ela precisava desesperadamente fugir daquela casa de loucos. No entanto, a senhora que dirige a residência a impede, e Echo enfrenta risadas e trotes vindos das demais crianças.

O único que a trata com decência é Cole, um garoto já adolescente, com idade próxima a dela, que carregava um sorriso capaz de aquecer seu coração assustado. Ela confessa a Cole que escapará da casa naquela mesma noite e ele não contesta.

Echo se surpreende ao conseguir escapulir facilmente da casa, mas sua urgência em ver seus pais e Andy, seu namorado, é maior, então ela corre para seu lar e o encontra não apenas vazio, mas com uma fita amarela a rondando, alertando que ocorrera um crime. Echo começa a suspeitar que as pessoas da Casa do Meio tinham razão, até que seus pais chegam e ela se dá conta de uma realidade ainda mais terrível.

É Echo quem está morta.


Mas aos poucos fui me dando conta de que a única maneira de começar a compreender o meu atual estado, de conseguir respostas, era voltar para o lugar que eu tinha achado tão horrível: a Casa do Meio.


De volta ao orfanato, atordoada e em busca de explicações, o grupo de adolescentes já está à sua espera e Cole conta que todos lá morreram da mesma forma: assassinados. E a única forma de enfim descansar em paz é encontrando seu assassino e se vingando.

Agora, além de se habituar com seus novos colegas e superar a dor de perder sua família e seu namorado, Echo tem uma missão: descobrir quem a assassinara.



Mais uma vez fui com sede ao pote e me decepcionei.

Eu achava que a história seria de terror, mas passa longe disso. A garota do orfanato sombrio lembra e tem a mesma pegada de O Orfanato da Srta. Peregrine. Obras com um toque de terror, simplesmente pelo fato de envolver morte, mas que são feitas de fantasia e mistério.

Para a minha tristeza, os detalhes que me desagradaram foram maiores do que os que eu apreciei, começando pela protagonista. Ela demora a aceitar que nunca mais voltará a viver e acaba levando os pais e o namorado pro fundo do poço ao flutuar na cabeça deles, dizendo coisas e os fazendo sentir como se ela ainda estivesse por perto.

Tudo bem, dou um desconto quanto a essa parte porque todos estão enfrentando o luto. Mas então porque ela se vê atraída por Cole logo de cara? Porque ela nem pensa duas vezes antes de beijá-lo sem mesmo conhecê-lo direito?

Sim, na trama de Temple os fantasmas beijam, comem, brincam, se tocam e se apaixonam. A única limitação deles é interagir com os seres humanos. A relação de Echo com Cole é instantânea, sem nexo e pouco crível. Se apaixonam de repente, e eles são tão sem química que pra mim realmente não colou. Eu sou a doida dos romances, mas nesse caso, era totalmente descartável.


- Às vezes coisas ruins acontecem com pessoas boas - disse Cabeça de Zíper. - Não há explicação para isso. Acontece uma merda e depois você morre.


A história é totalmente focada em Echo e na sua jornada em busca do assassino. Acompanhamos bastante do seu amor (beirando a obsessão) por Andy, mas pouco da sua família e demais amigos. As crianças da Casa do Meio que também foram assassinadas contam um pouco de suas respectivas mortes, e embora eles se unam para combater a pessoa que fez mal a algum deles, eu gostaria que o autor tivesse se aprofundado mais neles e dado um destaque, ao invés de passar a impressão de que eles apenas se conformaram em viver ali para sempre e não descansar mais.

Também encontrei alguns erros de digitação ao longo da leitura, mas nada que incomode. A edição feita pela Jangada ficou sensacional. Os tons de roxo me encantaram e a sinopse realmente instiga, além do coração sangrando no início de cada capítulo.



A escrita de Temple é objetiva e bem equilibrada, variando entre os diálogos e as descrições perfeitamente, mas o terror se detêm no primeiro capítulo e me deparar com uma fantasia no lugar do horror esperado atrapalhou bastante a minha experiência com a obra. Para quem gosta da série de O Orfanato da Srta. Peregrine, sem dúvidas irá gostar de A garota do orfanato sombrio. Para quem se interessou, a notícia boa é que é um volume único.

Apesar do romance realmente não funcionar, o livro possui uma narrativa bem dinâmica que proporciona uma leitura rápida e fluida. O suspense se mantêm firme até as últimas páginas, o que deixa o leitor curioso e ansiando pela revelação. E vocês, querem descobrir quem assassinou Echo e por qual motivo?

Nota: 3


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 23 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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