Minha queda por heróis

Título: Minha queda por heróis
Título Original: Heroes are my weakness
Autora: Susan Elisabeth Phillips
Editora: Gutenberg
Ano: 2020
Páginas: 320
Tradução: Carolina Caires Coelho
Livro: Skoob
Sinopse:

Um inverno rigoroso.
Uma ilha isolada.
Um homem. Uma mulher.
Fantoches. (Sim, fantoches…)
E…
Uma casa misteriosa que domina a paisagem.
Ele: um recluso escritor de livros terror. Ela: uma atriz frustrada que ganha a vida com teatro de bonecos.
Annie Hewitt chega a Peregrine Island no meio de uma tempestade de neve. Está falida e desanimada – mas não a ponto de desistir. Tudo que tem são seus fantoches, seus amados livros de romances e um pouquinho de coragem.
Mas ela não está preparada para o que a espera no chalé Moonraker. Nem para o homem que vive em Harp House, o misterioso casarão que assoma sobre o chalé. Quando Annie era adolescente, ele a enganou de tal maneira que ela nunca conseguiu esquecer nem perdoar. E os dois estão agora presos em uma ilha gelada, cujos moradores aparentemente não sabem cuidar da própria vida.
Será que ele ainda é o mesmo vilão do passado? Ou teria ele mudado?
Este inverno promete ser longo e quente.
Desempregada e sem ter mais para onde ir, Annie sai da cidade grande e retorna para o chalé que costumava ser da sua mãe numa ilha. O problema é que o caseiro não preparou o chalé como solicitado, e agora além de não ter energia elétrica, Annie também não tem sinal de telefone e não tem uma lareira para aquecê-la do frio rigoroso.

Em procura de ajuda, ela acaba parando na Harp House e se deparando com Theo, seu primeiro amor. Já se passaram dezoito anos, mas os traumas de tudo o que Theo aprontara com ela continuam frescos em sua memória. Annie também não compreende o motivo de ele estar ali, mesmo que sua esposa tivesse falecido e ele precisasse de um lugar para continuar escrevendo suas histórias, que eram bestsellers.

Annie também encontra Jaycie, outra amiga do passado, mas que agora tem uma filha de 4 anos chamada Lívia, que não fala. O emprego de governanta na Harp House foi o único que conseguiu, mesmo que Theo claramente não as quisesse ali.

Quando eram mais jovens, com seus 15 anos, Annie era amiga de Jaycie e também de Theo e Regan, sua irmã gêmea. Annie chegou a se envolver e trocar amassos com Theo, mas depois de um tempo, ele começou a evitá-la e pregar peças nela, uma inclusive que quase a levou à morte. Isso e a incompreensão das atitudes de Theo a fizeram nutrir ódio por ele, e agora, mais velha, ela não se deixaria cair de novo. Na verdade, ela pretendia revidar todas as armadilhas que ele aprontara pra ela um dia.

Sem ter o que fazer na ilha além de recuperar a herança de sua mãe e cuidar de seus fantoches, Annie resolve ajudar Jaycie nas tarefas da Harp House, já que ela havia se acidentado e estava andando de muletas. Com isso, inevitavelmente, Annie também volta a ter mais contato com Theo, ainda mais quando começam a surgir ameaças contra ela no chalé, e ele se dispõe a ajudá-la a descobrir quem estava por trás de tudo aquilo.

De início, Theo se comporta exatamente como ela esperava, frio e distante. Mas aos poucos, Theo vai se aproximando e provocando-a. Annie se diverte dando respostas grossas e atrevidas, e quando se dá por si mesma, está se apaixonando mais uma vez. Theo não aparenta ser o mesmo monstro. Na verdade, e se ele nunca tivesse sido e guardasse segredos que explicassem tudo?


Confesso que demorei bastante pra me envolver com a história. O começo é arrastado, e um fato que me atrapalhou bastante foi Annie conversando com seus fantoches na cabeça. Parecia, na verdade, que ela tinha múltiplas personalidades, e isso incomodava bastante. Cada fantoche tem um nome e um jeito de ser, então dá a impressão que Annie é louca. Fui me acostumar lá pra metade do livro, e um de seus fantoches em especial, o Scamp, tem um papel importante, já que por ser uma criança, consegue fazer com que Lívia se sinta mais à vontade.

Outro detalhe é Theo. Annie nos conta aos poucos o que aconteceu no passado e tudo o que ele fez de ruim pra ela, e isso por si só desanima de continuar a leitura, porque você sabe que vai rolar um romance, mas você não torce por isso. O cara foi tão grotesco e babaca, porque eu vou querer a mocinha com ele? Não gente, chega dessas histórias de badboy pisando na mocinha e reconquistando ela com um estalar de dedos.

E como esperado, Annie se entrega bem fácil. Mas o engraçado é que depois ela mesma se xinga por isso, na frente dele mesmo, e essa espontaneidade traz um diferencial. Ela não é uma protagonista que se faz de coitadinha ou cega de amor; ela é forte, corajosa, determinada e independente. Ela ignora os conselhos dele, faz o que dá na telha, e adorei as respostas que dava pra ele. Além de todo seu esforço para ajudar Lívia a superar seu trauma, que é muito bonito.

Por fim, Annie acaba ajudando Theo também, que vamos descobrir ser um personagem cheio de mágoas e ressentimentos, e que se castiga por isso. Como de costume, sua fachada existe para ele não se machucar ainda mais, mas Annie consegue derrubar suas barreiras. Quando compreendemos a verdade, voltamos a ter esperanças e torcer pelo casal, e é até mesmo emocionante.

Ainda assim, eu tinha uma ideia muito diferente do que seria essa história. Pela sinopse, o lance de “presos em uma ilha gelada”, achei que a obra focaria apenas nos dois presos no chalé, mas a dimensão do cenário é maior, temos um pouco dos demais moradores, e bastante de Jaycie e do passado sombrio de Theo e as mulheres loucas que ele atrai.

Não posso dizer que o livro alcançou minhas expectativas, mas também não me decepcionou, embora tenha sido difícil no começo prosseguir a leitura. É um livro que trata bastante de trauma, superação e auto-descoberta. Annie também cresce muito ao longo da obra, se torna mais segura, e é uma protagonista admirável.

A capa do livro é extraordinária, a editora fez um trabalho excelente, bem caprichado. Para quem gosta de um bom drama mesclado à romance e segredos, é uma boa pedida.

Nota: 4


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 25 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. O que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias, ouvindo música e estando junto do seu taurino favorito.

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