Uma amiga indicou: No Fim do Mundo

Olá, dragões!

O projeto Uma amiga indicou é formado por mim, pela minha xará Carol (A Colecionadora de Histórias), a Ale (Estante da Ale) a Priih (Infinitas Vidas) e a Pâm (Interrupted Dreamer). Todo mês escolhemos um tema, seja filme, série ou livro para indicarmos e conferirmos em conjunto.

No mês de Setembro, o tema é livros de autores nacionais, e a Pâm indicou que eu lesse o livro chamado No Fim do Mundo do Felipe Gulyas.


Título: No Fim do Mundo
Autor: Felipe Gulyas
Editora: Rouxinol
Ano: 2017
Páginas: 213
Livro: Skoob
Sinopse:
Colin White não estava preparado para morrer, mas a morte não podia esperar para tê-lo. Agora, com apenas uma canoa para guiá-lo, ele terá que fazer a travessia por um grande mar até a outra vida. Mas, o fim do mundo guarda grandes mistérios e revelações que ele nunca poderia esperar. Ao mesmo tempo em que vaga pelo oceano, ele não consegue deixar de pensar nas pessoas que deixou para trás. Enquanto o passado e o presente se misturam, será que ele vai ser forte o bastante para chegar ao fim de tudo?


Colin White está afogando. Ele não sabe onde está ou como foi parar lá, mas sente seus pulmões enchendo de água. Ao longe, há um homem em cima de um moinho de areia. Colin se questiona como aquilo era possível, mas no momento nada mais importa além de conseguir sair da água.

Ao chegar em terra firme, o homem chamado Rufus o trata com naturalidade, como se não houvesse nada errado na situação. Além disso, Rufus demonstra conhecer muito da vida de Colin para um mero desconhecido.

Ao menos um dos mistérios é logo resolvido quando Rufus conta a razão para a presença de seu novo companheiro no local.

Colin está morto.

Eu caí em um vazio eterno, vendo coisas que não conseguia entender. Tudo era estranho e fora do lugar. Minha vida havia sido quebrada em mil pedaços e jogada ao vento. Tentei montar as partes separadas. As respostas estavam lá... Eu podia sentir, mas tudo estava confuso demais.

Embora pareça muito simples para Rufus, Colin fica atordoado. Ele não se lembra do que aconteceu, apenas de um clarão, e da presença de seu irmão junto no carro. Onde estaria Evans?

Com a ajuda de apenas uma canoa, Colin segue pelo grande mar atrás de respostas. O que ele encontra, no entanto, é assustador. Pessoas perambulando sozinhas, revivendo suas próprias mortes e mágoas.

Ao meio de águas agitadas, tempestades e situações inusitadas, Colin questionará sua própria sanidade e lutará com firmeza até descobrir se seu irmão havia se salvado.



Estava eu andando a esmo pela Bienal do Livro de São Paulo desse ano quando o Felipe Gulyas me parou e começou a falar sobre o seu livro. O autor foi super simpático e o seu amor pelo livro que escreveu era tão claro em suas palavras que me convenceu fácil de adquirir. Obrigada, Felipe, por ter me encontrado vagando a toa pela Bienal! Graças a isso pude me aventurar por um drama extremamente reflexivo e comovente.

Primeiramente, queria enfatizar a edição da editora Rouxinol. O trabalho em cima da obra ficou sensacional. O livro possui um aspecto que dá a impressão de ser curto, mas a história possui 213 páginas e as letras são grandes, fato que ao menos pra mim torna a leitura muito mais agradável. Junto de cada capítulo há o desenho de uma onda, e a página que antecede cada capítulo conta com um trecho de uma música diferente. O fundo dessas páginas especiais é composto pela imagem de capa numa versão em preto e branco. Se encontrei dois erros de digitação foi muito, e é admirável a dedicação que tiveram com a edição.

Como vocês já sabem, o livro tem uma trilha sonora. Ok, Felipe e leitores, eu menti. O detalhe que fez meus olhos realmente brilharem e quererem o livro imediatamente foi a trilha sonora Gente, que seleção espetacular! Imagine Dragons, Green Day, The Fray, Oasis, Red Hot Chilli Peppers, Placebo e outras bandas do estilo de rock constroem o clima perfeito. As letras possuem conexão com as cenas que decorrem no capítulo, e é por isso que eu amo quando os autores criam playlists para os seus livros. Com os fones de ouvido e o Spotify acionado, a experiência com No fim do mundo foi mil vezes mais intensa.



É claro que a escrita do Felipe ajudou bastante a leitura a fluir. É objetiva, descontraída e inteligente. Por mais que esteja falando sobre morte, e que a confusão, o desespero e a carga emocional de Colin sejam grandes, o drama se mantêm na medida certa.

Da perspectiva que temos de Colin, não temos exatamente como descrevê-lo. Ele poderia ser um garoto bacana e esperto, mas os vislumbres que temos disso são poucos, provindos apenas de suas lembranças. O Colin que acompanhamos ao longo de sua trajetória é ligeiramente nervoso e impaciente, contudo, ele tem suas razões para tal, e ainda assim, no meio de todo o pesar, ele se mostra altruísta e generoso em importantes decisões.

No fim do mundo é um livro de reflexões e ensinamentos. Levanta questões sobre o que há após a morte, se existe um paraíso ou apenas uma profunda escuridão, se deixamos tarefas pendentes na Terra, e tudo isso está presente de uma forma subentendida na obra. Colin não expressa com exatas palavras as suas dúvidas e seus temores. Ele conhece outras pessoas pelo mar, conversa com elas, e nas entrelinhas enxergamos a mensagem que o autor pretende passar. Lembrando que Colin é jovem, portanto ele se revolta, se enfurece, mas jamais larga seu objetivo principal: a segurança de seu irmão.

Felipe Gulyas criou uma história sensível e emocionante, e sem dúvida alguma recomendo a leitura para todos.

Nota: 5


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 23 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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