Duny - Meu livro, eu que escrevi

Título: Duny - Meu livro, eu que escrevi
Autor: Raony Philips
Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 168
Livro: Skoob
Sinopse:

Duny (lê-se Dani) é uma celebridade de alcance mundial, alçada ao estrelato por seu imenso talento, inteligência, classe e beleza incomparáveis. Ou, pelo menos, era isso o que ela esperava da vida - que, no caso de Duny, se resume basicamente a um loop infinito de lacres, barracos e baixarias cometidos em busca da fama. Meu livro. Eu que escrevi é o maior deles.
Conhecida dos fãs principalmente por trabalhar e morar na Pensão da Tia Ruiva e ser uma das estrelas da websérie Girls in the House, Duny hoje comanda também o reality show investigativo Disk Duny e é comentarista on-line de premiações como o Oscar e o Grammy para uma grande rede de TV, mas ela já passou por muita coisa nessa vida: da humilhação pública de fazer agachamentos em trajes sumários num programa de auditório a fingir que suporta crianças só para ser babá da filha de uma artista famosíssima e ficar um tantinho mais perto dos maiores nomes da música pop.
Se valeu a pena? Para Duny, ainda vamos saber. Mas, para quem lê essa autobiografia recheada do início ao fim com o melhor da ironia (ou grosseria) moderna e total ausência de preciosismo vernacular, vale cada página.

Antes de começar a falar sobre o livro em si, quero explicar quem é Duny. Em 2014 o Raony Philips criou um canal no youtube com uma websérie chamada Girls in the house. Os personagens foram criados a partir de bonecos do The Sims e toda a história se passa nesse contexto. Certamente você já viu algum meme pelo Facebook tirado da websérie, mas talvez não se lembre. Uma amiga me convenceu a assistir, e assisti a primeira temporada toda em uma noite só de tanto que gostei, e olha que não sou ligada em comédia.

Girls in the house conta a história da pensão da tia ruiva. Lá, moram Duny, Alex, Honey, entre outras hóspedes que vão aparecendo aos poucos. A websérie fez tamanho sucesso que Duny, a personagem mais engraçada e marcante, acabou até mesmo na TNT e, agora, publicando um livro pela editora Intrínseca. O Raony participou da Bienal divulgando a obra e se você for der uma olhada no skoob, o livro só recebeu críticas positivas, e essa será mais uma.



Comprei Duny - Meu livro, eu que escrevi de presente para um amigo e obviamente peguei emprestado depois de ele ter lido. Eu imaginava que fosse ser um livro sem conteúdo, só para encher linguiça, e me surpreendi com uma narrativa bem humorada e ágil.

Duny é louca pela fama. Ela vive sonhando com o dia em que se tornará uma popstar e ganhará milhões com sua voz. No entanto, a coitada não tem muita sorte, e o livro nada mais é do que isso: A trajetória de Duny correndo atrás de seu grande sonho. Duny nos conta sobre o curto período em que foi contratada para um programa em que fez mais sucesso do que a própria apresentadora; sobre como foi parar em um ritual bizarro ao tentar entrar de pentra na festa da colega cantora; sobre como quase se tornou princesa; sobre seus amigos de faculdade bem sucedidos que ela tanto ama (leia-se odeia). Retratando assim, de fato parece algo bobo, mas acontece que a escrita de Raony muda todo o aspecto da obra.

Quem não conhece talvez se assuste com as palavras brutas de Duny, mas quem acompanha Girls in the house já está mais do que acostumado e ler a história pensando na voz dela narrando fica mais engraçado ainda. Duny fala palavrão sim e não tá nem aí. E, como já devem ter percebido, Duny é egoísta e bem egocêntrica, uma leonina completa. Mas suas tiradas são tão cômicas que é impossível não rir.



Além disso, Raony nos apresenta um lado diferente de Duny, um lado perfeitamente humano, onde ela possui inseguranças e inclusive momentos em que a bad bate. Gostei muito de ver esse lado emocional da personagem, mesmo que seja embalado com palavras que tiram sarro da situação, nunca sendo inteiramente depressivo. Duny é assim, afinal de contas. Está sempre pensando como sua beleza é o que mais importa e como ela não pode morrer antes de ser conhecida mundialmente. E Duny paga cada mico que a gente acaba nem ligando pra esse lado egocêntrico, já que sua auto estima a impede de ficar lamentando os micos que paga.

As meninas da pensão também aparecem, mas confesso que senti falta de uma presença maior delas. Sei que o livro é da Duny e da vida dela, mas elas são de grande importância e acredito que mereciam ao menos um capítulo com um acontecimento que as envolvessem diretamente. Falando nisso, alguns personagens que foram considerados "vilões" na websérie são citados no livro e o legal é que Duny explica, mesmo que por cima, o que eles fizeram para as meninas e como ela não deixou quieto.

O livro não possui nem 200 páginas e a letra usada pela editora Intrínseca é pequena, como sempre. Particularmente eu não gosto, acho muito mais confortável a letra num tamanho ao menos mediano, e como são poucas páginas, não custava nada terem aumentado o tamanho da fonte. O destaque está nas páginas dos capítulos que são preenchidas com ilustrações. Os desenhos ficaram bem caprichados e estão relacionados com a história contada no determinado capítulo. Em algumas páginas, também, o livro conta com desenhos pequenos e até mesmo imitações de conversas por mensagem. Essa estratégia foi sensacional já que o livro exige um diferencial levando em conta o seu conteúdo e quantidade de páginas.



Num geral, considerando que o livro foi originado de uma websérie com bonecos do The Sims, eu achei o livro de Duny uma leitura rápida e agradável que superou as minhas expectativas. Tenho um certo pré-conceito com livros de youtubers, e fiquei realmente surpresa ao me deparar com uma leitura leve e envolvente. Você fica ansiando por mais atrapalhadas de Duny e por respostas, já que o final é aberto à imaginação do leitor, se a Duny finalmente conseguiu sua tão desejada fama ou não.

Duny possui uma língua ácida e repleta de humor bem semelhante ao que encontramos na websérie. Indico o livro para quem também nunca assistiu Girls in the house, mas aviso para não se assustarem com o linguajar e com os acontecimentos impossíveis. É uma linguagem figurativa, temos sempre que lembrar que Duny não pertence ao mundo "real", e quando ela diz que tacou alguma coisa pesada na cabeça de alguém, temos que levar numa boa e deixar a risada fluir. É o livro perfeito para quem deseja uma leitura divertida e despretensiosa.




Nota: 4


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 22 anos, biomédica. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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