Eu e esse meu coração

Título: Eu e esse meu coração
Título Original: This Heart of mine
Autora: C. C. Hunter
Editora: Jangada
Ano: 2018
Páginas: 424
Tradução: Denise de Carvalho Rocha
Livro: Skoob
Sinopse:

Leah MacKenzie, de 17 anos, não tem coração. O que a mantém viva é um coração artificial que ela carrega dentro de uma mochila. Com seu tipo sanguíneo raro, um transplante é como um sonho distante. Conformada, ela tenta se esquecer de que está com os dias contados, criando uma lista de “coisas para fazer antes de morrer”. De repente, Leah recebe uma segunda chance: há um coração disponível! O problema é quando ela descobre que o doador é um garoto da sua escola – e que supostamente se matou! Matt, o irmão gêmeo do doador, se recusa a acreditar que Eric se suicidou. Quando Leah o procura, eles descobrem que ambos têm sonhos semelhantes que podem ter pistas do que realmente aconteceu a Eric. Enquanto tentam desvendar esse mistério, Matt e Leah se apaixonam e não querem correr o risco de perder um ao outro. Mas nem a vida nem um coração transplantado vem com garantias.

Leah precisa de um transplante de coração. Devido à miocardite, ela parou de ir ao colégio e passou a ter aulas em casa com uma professora particular, já que também não queria os demais alunos olhando torto para a mochila onde ela carregava a bomba que fazia seu coração continuar batendo e o sangue circulando. Seu tipo sanguíneo é raro e ela já não tem grandes esperanças de que sobreviverá.

Um dia, sua professora manda um aluno em seu lugar para estudar com Leah. O rapaz em questão pode ser Matt ou Eric. Antes, ela era capaz de identificar os gêmeos, mas já se passou bastante tempo, e particularmente, ela deseja que seja Matt, por quem ela sempre teve uma queda.

Eric (ou Matt) é simpático e faz perguntas a Leah a respeito de suas condições que ninguém tivera coragem antes de fazer, tirando sua melhor amiga, Brandy. Emocionada pela conversa e por estar na companhia novamente de alguém da sua idade, a lembrando da vida que estava perdendo, ela arrisca numa brincadeira que sucede num beijo.


- Se você é Matt, quero que você me beije desde o sétimo ano.
Seu olhar desce para a minha boca e permanece ali.
- Seu coração é forte o suficiente?
Eu começo a rir.


Matt queria chamar Leah para sair, mas Ted chegou primeiro e ele nunca tivera chance de se aproximar da garota. Depois do beijo inesperado, ele não consegue pensar em outra coisa, mas sabe que não deve, uma vez que ela corre risco de vida, e ele havia acabado de perder o pai. Matt não sabia se conseguiria superar mais uma tragédia.

Na mesma noite, Matt conta que beijara Leah a Eric, seu irmão gêmeo. Eric sempre fora popular e o mais comunicativo dos dois. Ele era apaixonado por Cassie, embora a garota só trouxesse problemas a ele.

Matt e Eric sempre tiveram uma conexão muito forte, e quando Matt desperta no meio da madrugada, completamente perturbado e sentindo dores, ele sabe que algo está extremamente errado com o irmão.

Não demora para que recebam a notícia de que Eric está morto.


Percebi que, se aprendi alguma coisa do fato de quase ter morrido, é que a vida é curta demais para desperdiçar sequer um segundo com arrependimentos.


Eric possui o mesmo tipo sanguíneo que Leah, e dessa forma ela recebe o coração. A princípio ela não sabe quem era o dono do órgão, mas quando descobre, um misto de emoções a invade e imagina se Matt, que não ligara para ela desde aquele dia, a odiava por carregar o coração do irmão.

Mas o que realmente incomoda Leah são os sonhos constantes. Neles, ela está numa floresta, aparentemente fugindo, e uma voz reverbera, claramente raivosa. Mas por alguma razão, Leah sabe que não é ela no sonho. É Eric.

Decidida a compartilhar a informação com Matt, ela vai atrás do rapaz, que fica chocado ao saber dos sonhos, porque vem tendo os mesmos.

Então começam a surgir as dúvidas. E se Eric não tiver se suicidado? E se alguém o assassinara? Todos, inclusive o detetive, está convencido de que Eric estava deprimido após a morte do pai e o término do namoro com Cassie, mas Matt conhece o irmão melhor do que isso e crê que essa versão não seja a real.

Juntos, Matt e Leah vão atrás de respostas e se aproximam, a química evidente desde o primeiro encontro aumentando conforme se conhecem e compartilham segredos. Leah pela primeira vez em muito tempo tem a percepção de um futuro, e é difícil para ela aceitar que tem uma chance de alcançar seus sonhos, quando se esforçou tanto a largá-los por medo de jamais poder realizá-los. Matt sofreu duas perdas significantes num curto período de tempo e Leah é a única capaz de colocar um sorriso em seu rosto.

Mas afinal, o que aconteceu de verdade com Eric?



Desde que a editora Jangada postou duas opções de capas pra esse livro no Facebook eu soube que amaria a história. Nem tentem entender. Foi aquele amor à primeira vista inexplicável. A edição inclusive está extraordinária, a capa ainda mais linda do que na foto. Encontrei alguns erros de diagramação ao longo da obra, mas nada que atrapalhe em excesso.

A história é narrada em primeira pessoa por Leah e em terceira pelo Matt. As duas narrativas acontecem dentro de um único capítulo, e confesso que isso me incomodou. Gosto mais de quando os capítulos são divididos para cada ponto de vista. Também não vi sentido algum em utilizar uma forma narrativa diferente para cada personagem.

As primeiras 200 páginas são de leitura frenética. A relação de Leah e Matt sendo construída prende a atenção do leitor, é algo natural, crível e tocante, assim como a curiosidade quanto ao mistério persiste. O problema que quase me fez dar nota 4 ao invés de 5 foi a quantidade de páginas necessárias. Boa parte do livro é uma enrolação que poderia muito bem ser evitada, principalmente quanto ao assassinato. Matt persegue pessoas que não dão em lugar algum e as especulações com Leah se repetem se tornando um pouco cansativo.

Ainda assim, o assunto principal abordado no livro foi o que mais mexeu comigo. Poucas histórias falam sobre o transplante de órgãos e como isso faz toda a diferença para alguém. Trabalho em banco de sangue e vejo diariamente a importância de doar sangue. Uma bolsinha é capaz de salvar até 4 vidas, e esse ato nobre traz paz à alma. Nunca conheci alguém que recebeu um transplante, mas o relato de Leah comove, e isso porque a autora, conhecida por histórias de fantasia, possui uma pessoa próxima que teve sua vida salva graças ao transplante.

Eu e esse meu coração é uma história de luta, superação e amor. Todos temos nossos monstros e dores a vencer, mas com amor tudo fica mais fácil. Haja coração pra aguentar essa obra maravilhosa!

Prove que se preocupar é uma condição humana. Inscreva-se para ser doador, de modo que outros lá fora possam experimentar a arte de fazer o amanhã. E, enquanto você estiver vivo, seja criativo com sua própria vida. Você só tem uma. Faça com que ela seja importante. Viva, não como se você fosse morrer amanhã, mas como se o amanhã fosse uma promessa.

Nota: 5


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 23 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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