Horror na Colina de Darrington

Título: Horror na Colina de Darrington
Autor: Marcus Barcelos
Editora: Faro Editorial
Ano: 2016
Páginas: 144
Livro: Skoob
Sinopse:

Em 2004, Benjamin Simons deixa o orfanato em que viveu desde a infância para ajudar alguns parentes num momento difícil: com sua tia debilitada e o tio trabalhando dia e noite, precisavam de alguém para tomar conta de sua prima Carla, de apenas cinco anos de idade.
No entanto, certa madrugada, a tranquilidade da colina de Darrington é interrompida por um estranho pesadelo, que vai tomando formas reais a cada minuto. Logo, Ben descobre-se preso numa casa que abriga mistérios, onde o inferno parece mais próximo e o mal possui uma força evidente.
Passaram-se mais de 10 anos. Isso tudo aconteceu quando Ben estava com dezessete anos, e foram experiências das quais ele preferia esquecer completamente…
Mas aquele passado o acompanha de perto. Ben sente que precisa voltar e sabe que, ou desvenda tudo ou sempre viverá com medo. Então, ele decide contar, e traz numa narrativa angustiante e rica em detalhes tudo o que viveu e todas as batalhas impensáveis que travou para tentar manter a si próprio e a jovem prima em segurança. E se descobre no centro de uma conspiração capaz de destruir até a sua própria sanidade.
Onde termina o inferno e começa a realidade?

Benjamin Simons (ou Benny, como a priminha Clara o chama) é um garoto órfão que viveu num orfanato por toda a sua vida. Ao completar dezessete anos, um homem apareceu dizendo ser seu tio, irmão do pai de Benny, e o convidou para passar um tempo em sua casa com a esposa e as duas filhas. Benny logo se deu bem com todos, e enfim se sentiu pertencendo à uma família. Depois de um tempo, a família se muda para uma casa na colina de Darrington, e Benny vai junto para tomar conta de Clarinha, já que Amanda, sua prima mais velha, entrou pra faculdade e está morando em outra cidade, e tia Júlia sofreu um grave acidente, não saindo mais da cama. Dessa forma, o tio Romeo tem de trabalhar em dobro pra sustentar a família, e pede ajuda à Benny para ficar com Clarinha.

Benny aceita a proposta sem problemas, já que adora a prima, mas as coisas naquela casa em especial parecem sinistras. Pra começar, numa madrugada, ele encontra a prima rindo, e ela lhe conta que achou engraçado as caras que a moça pendurada está fazendo. Benny nem dá muita trela, mas depois que de fato vê a mulher da qual a prima está falando, junto do namorado que possui uma arma nas mãos ensanguentadas, ele se desespera. Mesmo quando acorda assustado, sem saber distinguir o que fora realidade e pesadelo, os acontecimentos seguintes mostram que, infelizmente, tudo pelo que eles estavam passando era bem real.



Clarinha diz que a Escuridão está em seu quarto e que vai pegá-los. Benny começa a ter visões de sua tia, que está acamada, e nem deveria estar de pé. Vultos, rangidos e puxões aterrorizam Benny, que liga para o tio num pedido de socorro. Enquanto o tio não chega, Benny sabe que a segurança de Clarinha está em suas mãos. Depende somente dele para protege-la e fazer com que escapem do mal. Da Escuridão. Mas a tia o mandou ir até o porão, o único lugar no qual o tio o alertou para ficar bem longe.

E agora, o que fazer? Qual conselho seguir? Qual dos dois estaria tentando salvá-los? Como Benny seria capaz de arrancar a prima das garras do mal e fugir do inferno?



Horror na Colina de Darrington foi pra mim aquele livro que a gente vê na livraria e sempre diz que voltará para busca-lo. Agora, com ele enfim em mãos, é até difícil colocar em palavras os sentimentos divergentes que essa obra me proporcionou.

A história não é narrada nessa ordem cronológica certinha como contei. Ela intercala entre o presente e o passado, de forma que o leitor precisa estar sempre atento pra realizar as conexões entre os fatos. O livro começa com um relato de Benjamin em 2015, alertando o leitor de como ele ainda não consegue entender tudo o que aconteceu naquele dia. Depois, então, Benjamin passa a contar o que aconteceu naquele dia em 2004, 10 anos atrás. O dia em que tudo mudou. Tanto no psicológico de Ben, como na forma como as pessoas o viam.

Com 140 páginas, podemos considerar o livro curto, mas de acordo com a nota do autor logo no início, essa foi mesmo a intenção. Marcus não queria enrolação. Ele preferiu ser direto e contar o caos vivido por Ben de forma clara e objetiva. Ele também diz que o efeito do terror difere muito de pessoa pra pessoa. O que aterroriza uma pessoa, pode não ser nada pra outra, e isso é completamente verdade. Infelizmente, no meu caso, acho que se Marcus tivesse “dado uma enrolada”, colocado mais mistério e suspense, uma climatização favorável, teria provocado muito mais medo. Não consegui me sentir envolvida com a trama, nem com seus personagens. Acho que foram todos criados de maneira superficial, assim como as cenas.

O único detalhe que auxiliou as cenas parecerem mais reais e assustadoras foram as ilustrações. Quanto a isso, a Faro Editorial está completamente de parabéns. As imagens são convincentes e bem próximas ao vivido por Ben, possuindo as mesmas características descritas por ele na narração. Além do número de ilustrações ser grande, as páginas são da tonalidade preta. De cara, achei que isso fosse atrapalhar a visualização do desenho, como aconteceu em A Casa das Fúrias da Madeleine Roux publicado pela editora V&R, mas pelo contrário! O visual ficou maravilhoso e bem evidente, dá pra distinguir os formatos com facilidade. A capa também ficou condizente, assim como os recortes de revistas, cartas e transcrições de áudios que existem no meio da história.



Marcus é extremamente talentoso, e foi uma experiência muito boa ler a sua obra. Considero o problema que tive com o livro como pessoal. Sou bem acostumada a ler livros e assistir filmes de terror, e acho que já me tornei imune ao medo hahaha. Na verdade, filmes me deixam sim aterrorizada, mas livros não me dão a mesma sensação, por mais que Marcus tenha se esforçado em construir a história como se fosse um filme.

O livro já começa com a cena de Clarinha vendo a mulher enforcada. É um livro impactante, e com certeza não recomendo pros medrosos de plantão, que eu sei que tem muitos leitores por aqui assim hahaha. Os capítulos iniciais foram muito bons, bem elaborados, assim como a tensão deixada no ar. A história estava se encaminhando bem, até que Marcus resolveu incluir uma teoria que daí criou uma salada mista. Ele quis englobar tudo num lugar só: fantasmas, demônios, rituais satânicos, diabo, e até mesmo o governo, então não sei se colou muito. Pra mim, nesse quesito, ele falhou. Ainda mais pela quantidade de páginas, não deu pra desenvolver muito bem a sua ideia, e ficou algo muito jogado. Infelizmente essa parte foi a que mais me incomodou.

E no final, pelas resenhas que li, muitas pessoas ficaram se questionando quanto a se Ben era louco ou não. Eu compreendi a mensagem nas entrelinhas do autor, e espero ter compreendido certo. Pelo fim, dá pra engatar fácil uma continuação, mas vamos esperar pelos futuros planos do autor.

Mesmo com minhas ressalvas, dei nota alta porque gostei sim da história, e gostei principalmente da proposta do autor. Ele queria botar medo e ponto. Se conseguiu alcançar o objetivo ou não, é outra história, mas ele tentou, e isso é o que mais importa. Livros de terror são complexos de serem escritos, necessitam de uma atmosfera bem crível, e admiro Marcus pela coragem em se aventurar pelos caminhos do terror. Espero por mais livros seus!

Nota: 4


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 22 anos, biomédica e autora do livro O Poder da Vingança. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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