A Ilha da Relíquia Sagrada


Autor: Marcello Simoni
Editora: Jangada
Ano: 2017
Páginas: 360
Livro: Skoob
Sinopse:

Em 1544, a armada do corsário otomano Khayr al-Din Barba-Roxa assedia as costas da ilha de Elba, com o objetivo de libertar o filho do general, mantido como refém pelo príncipe da cidade de Piombino e do arquipélago toscano. Mas o verdadeiro interesse de Barba-Roxa não é o jovem e sim o segredo que ele esconde. Ele é, na verdade, o último guardião de um mistério que remonta aos tempos de Jesus e pode minar os alicerces da fé católica. Mas o Rex Deus está oculto há mais de quinze séculos e encontrá-lo não será tarefa fácil. O rapaz terá de seguir uma antiga pista deixada por um monge templário, em meio a rivalidades de corsários, intrigas palacianas e batalhas navais. E terá também de frustrar um complô da Confraria dos Escondidos, que deseja a todo custo pôr as mãos no antigo segredo.



Um segredo que pode abalar a fé cristã e pôr em risco a existência da Igreja de Roma

Começo essa resenha com um quote da capa do livro e pensando como vou conseguir contextualizar as coisas pra vocês, sendo que eu demorei tanto pra me achar. Mas vamos!

Situado no século XVI, principalmente no arquipélago Toscano, o livro do italiano Marcello nos põe a bordo de navios e galeras turcas, espanholas e de corsários cheio de ódio no coração. Sinan, nosso aparente personagem principal, conhecido como o Judeu, é um turco de extrema inteligência e audácia, que se vê junto do temível Barba-Roxa, um corsário otomano sem escrúpulos para tentar reaver seu filho, Cristiano, que há tantos anos estava nas mãos de Jacopo V Appiani, conde de Piombino e católico.

O livro intercala seus capítulos, sempre em terceira pessoa, nos principais personagens. Sendo assim, podemos saber o que acontece concomitantemente nos navios e em terra, para que possamos entender, também, a motivação e ambição de cada personagem. Como o livro já se inicia com o ataque à ilha de Elba para a recuperação de Cristiano, ficamos tão confusos quanto o coitado a ser recuperado. Entretanto, pouco a pouco, Marcello nos revela a intenção de cada personagem, onde todas se cruzam em um ponto: o Rex Deus.

O Rex Deus é um mistério que há séculos vem sendo passado de geração a geração pela Ordem dos Templários, um mistério que dizem ser capaz de destruir o catolicismo. Por isso sendo, muitos inimigos da Igreja possuem a intenção de pôr às mãos no segredo. Porém, apenas o Judeu e um monge que apenas ele conhece sabem o caminho para o Rex Deus. Como todo bom mistério, ninguém possui sua resposta por inteiro, apenas dicas para que se chegue à verdade.

O acordo que Sinan cria com Barba-Roxa gera, quase que automaticamente, um acordo entre Cristiano e Barba-Roxa, que conduz todo o livro - Barba-Roxa quer o segredo de Rex Deus. Além dele, Strozzi, que outrora fora um soldado cristão, também possui um acordo com Barba-Roxa, bem como Nizzâm, o chefe dos bandidos turcos que logo cria inimizade com Sinan e seu filho. Há também Isabel, que estava na linha de Elba com Cristiano, mas fora capturada por Nizzâm. Cristiano era apaixonado por Isabel, aumentando assim a rivalidade entre ele e Nizzâm.

O livro então nos leva em busca do Rex Deus, em meio à intrigas, mentiras, acordos de interesse, ordens religiosas ocultas, acordos políticos da época e muitos bárbaros sedentos por sangue. A realidade da mulher do século é muito bem retratada, bem como a vida de piratas sob o comando de sanguinários como Barba-Roxa que tinha todos como seu inimigo.

Acho um pouco complicado falar mais do que isso, por alguns motivos. Eu fiquei extremamente confusa no começo do livro, fui começar a entender o interesse de cada personagem só mais pra frente e, com isso, só peguei o ritmo do livro após alguns capítulos e algumas mortes. Fora isso, temo que citar algumas baixas do livro possa ser considerada spoiler, já que mudam o rumo das coisas.

Eu gostei do desenvolvimento de Cristiano e um pouco de Isabel, apesar de ter achado um tanto forçado o romance entre os dois, mas quando pensamos em tudo que acontecia em um dia e a intensidade das coisas e da vida que eles estavam acostumados a levar, dá pra entender que esses sentimentos se desenvolvam rapidamente mesmo. Apesar de ser um bárbaro louco, gostei muito de Barba-Roxa e Nizzâm, dois personagens muito bem desenvolvidos em seu contexto - pode-se dizer que fiquei entre triste e feliz com o final de Nizzâm, inclusive.

É preciso frisar que é um livro muito denso, apesar de suas 360 páginas. A linguagem é robusta, com muita descrição e palavras que, honestamente, eu tinha que pesquisar pra saber exatamente o que era (eu só havia ouvido falar de uma cimitarra, mas ainda não procurado pra tentar imaginar uma). A revisão está boa, mas encontrei um erro ou outro que passaram batidos, como troca de "mais/mas".

O final me deixou um pouco frustrada, também. Eu esperava algo mais, mais falado, mais discutido - fiquei com vontade de sentar e debater com alguém sobre ele. Alguém pelo amor de Deus me diz como que interpretou aquilo, porque eu tô ficando maluca!

- Somos todos filhos de chacais quando se trata de defender nossos interesses - explicou o jovem. O embuste do florentino magoava-o mais do que estaria disposto a admitir. Depois de tantas desventuras, iludira-se de ter encontrado uma pessoa ao menos solidária, se não leal à sua causa, e agora era forçado que tinha sido ingênuo ao confiar nela. - Filhos de chacais - repetiu, rilhando os dentes. - Sobretudo quando falamos de piratas, corsários e mercenários que cultivam seu egoísmo numa nau isolada do mundo.


Nota: 4




Sobre mim: Letícia Proença (Leeh), estudante de Medicina Veterinária em Botucatu, até hoje não sabe como leva a graduação e a paixão por sites e livros lado a lado. Canceriana louca, gostaria de saber como aumentar as horas do dia para poder fazer tudo o que gosta.

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