O Terceiro Testamento

Título: O Terceiro Testamento
Autor: Christopher Galt
Editora: Jangada
Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa
Ano: 2017
Páginas: 416
Livro: Skoob
Sinopse:

O mundo parece estar enlouquecendo!
Em toda parte, as pessoas começam a ter visões. Um adolescente francês assiste Joana D'Arc ser queimada na fogueira, e até tenta tirar uma foto com o celular, e a presidente dos Estados Unidos tem visões de seus antecessores dentro da Casa Branca. Ninguém sabe se essas misteriosas aparições são uma espécie de alucinação coletiva, uma doença virótica causada por bioterrorismo ou se são sinais do Apocalipse. Ocorrem suicídios em massa em várias partes do mundo, e o psiquiatra e neurocientista John Macbeth, à frente de um projeto para criar uma inteligência artificial autônoma, busca freneticamente uma resposta antes que seja tarde demais. Ele descobre que a verdade por trás de tudo pode mudar os rumos da humanidade para sempre. E até custar a sua vida. Uma história eletrizante que o fará questionar sua perspectiva da realidade. E até mesmo a sua sanidade.

O Terceiro Testamento começa deixando o leitor tenso. Dividido em três partes, a primeira nos mostra um mundo assustador com pessoas tendo alucinações, suicidando-se e ocasionando acidades. Os relatos, antes discretos, foram ganhando proporções maiores quando não apenas uma pessoa, mas um grupo de em torno dezessete pessoas se jogaram de uma ponte famosa e movimentada no meio do dia. O policial, que sentiu algo estranho ao observar o grupo, chegou a se aproximar e questionar a líder do grupo, que não mostrara indício algum do que planejava fazer. Pelo contrário, ela estava em paz. Tudo o que disse, quando o policial tentou impedi-la, foi que estava tudo bem, pois eles estavam se tornando. Assim como todos os outros suicidas.

- Você não entende, Paul – disse Gabriel, agora num tom claro e decidido. – Estamos nos tornando. Estamos nos tornando.

Estamos nos tornando

Se tornando? Mas no que? E por quê?

Essas questões inundam a mente dos psiquiatras e neurocientistas. Juntos, eles tentam encontrar uma resposta para a histeria. Uma epidemia, um vírus sendo disseminado, mas não havia um paciente zero. E tampouco havia sentido no fato de as pessoas pararem no meio da rua, parecendo hipnotizadas. Olhando para o além, como se não estivessem ali. Como se estivessem olhando para algo que não estava ali. Ou seriam eles que não estavam ali naquele momento? Será que eles existiam mesmo? Porque todas aquelas visões... Elas não pareciam alucinações. Elas pareciam extremamente palpáveis. Eram mais reais do que a própria vida que viviam.

- Não entendo por que as pessoas precisam ler sobre outros mundos para descobrir a magia – ela disse certa vez ao marido -, quando a magia está à nossa volta. A realidade é a maior magia que existe quando se tem olhos para ver.

No meio da onda de suicídios e acidentes causados por motoristas no meio de um deja vu ou pedestres distraídos pelo mesmo motivo, John Macbeth se esforça para encontrar a conexão entre a realidade e a ilusão, já que ele próprio tem sofrido dos mesmos sintomas, embora em frequência menor. É só quando ele presencia um suicida levando junto à morte um padre, é que John se dá conta da gravidade e seriedade do que está vivendo. O mundo está em crise. As alucinações são globais, e pioram a cada dia que passa. Eventos estranhos também deixam os cidadãos alertas. Um terremoto que causa diversas mortes, sem um único objeto quebrado. Sem nenhuma evidência de que de fato houvera um terremoto.

John Macbeth é psiquiatra e neurocientista, portanto ele e seus colegas debatem bastante o lado científico da história. Eles sempre tem um diagnóstico de prontidão a ser dado, mas lá no fundo, sabem que a alucinação em massa não provém das determinadas doenças. Outros, já se voltam para a religião, à procura de uma luz.

Seguindo pistas atrás de respostas, John vai se ver no meio de uma rede complexa envolvendo o FBI, seu projeto para criar uma inteligência artificial autônoma, e muito mistério.

- Isso não é verdade de jeito nenhum, Peter, e você sabe muito bem – contestou Gabriel. – E quanto aos dinossauros? Por mais de cento e trinta milhões de anos, estiveram no topo da árvore. Infinitamente mais bem-sucedidos que nós. Não precisavam de tecnologia, civilização ou cultura. Nossa inteligência é uma ameaça evolucionária, e não uma vantagem. Por causa dela, quase provocamos nossa própria extinção. Em quanto tempo? Duzentos mil anos como seres humanos? Cinquenta mil anos como criaturas de comportamento moderno? Isso não é nem sequer uma piscadela de olho na história da evolução. Mas, nesse curtíssimo espaço de tempo, conseguimos, com grande êxito, quase acabar com o planeta do qual dependemos, além de termos inventado armas que podem nos pulverizar da face da Terra. Veja só, Pete: os dinossauros levaram a melhor, não levaram? – De novo o homem estendeu o braço para a cidade lá embaixo. – Levaram a melhor sobre tudo isso.

É difícil falar sobre O Terceiro Testamento sem soltar spoilers. A história é inteligente e mantêm as teorias em aberto o tempo todo. Apesar de abusar um pouco nos termos científicos, todos são muito bem explicados, de forma a abranger todos os públicos. A única ressalva que tenho é a quantidade de páginas. Essa não é uma história onde a leitura flui com facilidade devido à sua complexidade, portanto a extensão da mesma me incomodou bastante. De início, me senti presa e curiosa, mas em certa parte, honestamente, eu queria que resolvessem logo o mistério de uma vez por todas. Por conta disso, a leitura se tornou cansativa, e imagino que eu não tenha aproveitado 100% da história. A edição da nossa parceira Jangada está sensacional, mas o tamanho pequeno da letra também cansou um pouquinho. Mas o livro já tem 400 páginas, então entendo que não havia muito o que fazer nesse quesito.

Um ponto positivo é que os capítulos são curtos e intercalados entre os personagens. O nosso personagem principal é o John, mas contamos também com outros importantes, que fazem parte da trajetória de John, e também com alguns secundários que relatam suas experiências, seus deja vus, o que foi bem interessante para compreender melhor o que eles enxergavam e sentiam naquelas horas entorpecedoras.


“Talvez eu devesse me tornar um escritor”, pensou. Macbeth, o psiquiatra, sabia que as narrativas de ficção e os distúrbios mentais brotavam da mesma semente: escritores eram, em grande medida, tipos esquizofrênicos não patológicos. Quanto maior seu grau de esquizofrenia não patológica, mais apresentavam tendência ao pensamento mágico e mais criativas eram suas obras.

Eu sou mais ligada em obras juvenis e leves, mas para todos que gostam de quebrar a cabeça lendo e tentando chegar à uma conclusão para todo o suspense contido nas páginas, super indico O Terceiro Testamento. Vou usar o último parágrafo da sinopse para fechar a resenha, porque ela é perfeita para descrever o livro: Uma história eletrizante que o fará questionar a sua perspectiva da realidade. E até mesmo a sua sanidade...


NOTA: 4



Sobre mim: Carolina Rodrigues, 21 anos, biomédica. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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