Boa Noite

Título: Boa Noite
Autora: Pam Gonçalves
Editora: Galera Record
Ano: 2016
Páginas: 240
Livro: Skoob
Sinopse:

Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação - em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.

Alina Medeiros está cansada de ser conhecida como a nerd, e a maior oportunidade que ela tem de mudar isso é quando passa em Engenharia da Computação na faculdade de Pedra Azul, a duas horas da cidade onde mora. Alina ama os pais, mas sabe que está na hora de ter a própria independência. Só que construir uma nova imagem de si mesma vai ser mais difícil do que ela poderia imaginar.

Alina consegue um lugar para morar na República das Loucas. Lá moram também Manu, Gustavo, Talita e Bernardo (que é namorado de Talita, então tecnicamente ele não mora lá, mas passa mais tempo na república do que na própria casa). Apesar de todos serem animados e espirituosos, Alina não demora a se adaptar com os novos colegas. O problema maior está na faculdade. No seu curso tem apenas quatro mulheres, que acabam se unindo, já que todos os homens as encaram com arrogância e fazem piadinhas sobre elas. Até mesmo alguns professores as olham como se elas não fossem inteligentes o suficiente para o curso. O machismo e preconceito que rola na história é grande, e muito comum de se ver nas universidades.

A sorte de Alina foi ter parado na república certa. Ela queria deixar pra trás a imagem de nerd? Manu e Talita trataram de resolver isso logo na primeira semana, arrastando Alina pra diversas festas que só veteranos tem direito. E em um único semestre ela percebe o quanto mudou. Ás vezes, a barra pesa e ela se pergunta se não deveria ter continuado na casa dos pais, debaixo da segurança deles, mas ao mesmo tempo ela gosta da nova Alina, decidida e corajosa.

É bem legal essa coisa toda de independência, poder fazer o que quiser sem dar satisfação ou não ter meus pais sempre dando opinião. Mas agora, aqui, sozinha, depois de uma semana vivendo essa nova realidade, caiu a ficha de que nem tudo é mil maravilhas.

Um dia, Alina conhece Artur num bar. Eles jogam sinuca, conversam, trocam número de telefone, e continuam a se encontrar. Artur faz Medicina, assim como Gustavo, e eles não se dão bem. Alina não entende o motivo, já que Artur é sempre gentil com ela, mas depois de um tempo, Alina descobre que Artur não é nada do que ela imaginava, e é aí que ela começa a reparar mais em seu colega de república.

Na faculdade, embora Alina, Luana, Julia e Sabrina tenham se unido para se defender dos comentários ofensivos, elas realmente gostam uma da outra, e a aliança delas é firmada quando um professor anuncia um concurso, onde os alunos deverão criar algo que realmente faça diferença na sociedade. Vários casos de estupro e drogas têm acontecido aos arredores da faculdade, e elas resolvem criar um aplicativo que auxilia as mulheres a denunciar o abuso.

— A gente precisa ganhar o concurso! — Sabrina declara. — Esse aplicativo precisa virar realidade.
Concordamos. É mais que uma necessidade da comunidade, como pediu o professor, é questão de sobrevivência.

Boa noite é o livro de lançamento da autora e vlogueira Pam Gonçalves. A leitura é fluida, escrita leve e objetiva. A trama conta uma realidade vivida por muitas pessoas, começando pela mudança de cidade para cursar a faculdade. Muitos amigos meus se mudaram, e eu sei que o processo de adaptação é exatamente do jeito que foi retratado na obra. O medo do desconhecido, a saudade de casa, as decepções, até a aceitação. Os primeiros anos são sempre barra pesada, até porque você tem que se acostumar não só com uma cidade nova, mas também com as matérias da faculdade, as pessoas, e a independência. Aprender a se virar sozinho, aprender a não confiar em qualquer um. É uma realidade completamente diferente, e mais difícil ainda no caso da Alina, que já não tinha muitos amigos antes e vivia de computador. Quem mais se identifica? Levanto a mão sem medo hahaha. No entanto, não vá pensando que Alina é uma personagem frágil. Ela pode ser ingênua em determinados sentidos, sim, mas ela se adaptou surpreendentemente bem à república e a todo o novo ambiente.

Além da transição de “vida adolescente pra vida adulta”, o livro trata de assuntos extremamente importantes e usuais como estupro, homofobia e machismo. A Pam reuniu todas as informações que obteve através de notícias e relatos na internet e colocou no livro de forma magnífica. Ela apresenta o sofrimento vivido pelas vítimas desses três atos, e ainda traz uma maneira de ajudar as mulheres que sofrem abusos e temem denunciar o responsável.

Muitos consideraram esse um livro simples, mas eu o achei incrível devido à sua proximidade com a fase que estamos vivendo. É um livro pé no chão, que também fala de amizade, desilusões, e ainda temos romance, embora não seja o foco. Alina é uma personagem que chega tímida, e aos poucos vai crescendo e conquistando o seu espaço. Manu e Talita são engraçadas, dão um ar leve à obra, e é legal ver como elas se tornam grandes amigas, mesmo sendo bem diferentes de Alina. Com Manu e Gustavo, inclusive, é possível ver como as aparências enganam, como você pode ter um sorriso estampado no rosto, mas por dentro carregar os fantasmas de um passado traumático.

Eu sou de Santos, e vou morar em Botucatu esse ano, já que terminei a faculdade e passei em um aprimoramento no hospital de lá. A Leeh, que é de Campinas, faz Medicina Veterinária em Botucatu também, então imagino que seja por isso que esse livro tenha sido tão especial pra mim, mas eu indico a todos vocês. Honestamente, eu não tinha grandes expectativas com a obra, mas a leitura foi rápida e envolvente, uma surpresa completamente positiva.

Nota: 5


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 21 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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