Azeitona

Título: Azeitona
Autor: Bruno Miranda
Editora: Planeta
Ano: 2016
Páginas: 352
Livro: Skoob
Sinopse:

Ian e Emília não trocaram mais que duas palavras desde que começaram a estudar juntos, mas é o nome dela que vem à mente dele quando precisa de uma parceira para um plano mirabolante: participar de um reality show sobre casais adolescentes que vão ser pais. Isso em troca de um cachê capaz de resolver todos os seus problemas.
Ian tem dezesseis anos e foi criado pela irmã, Iris, que precisou abrir mão de oportunidades na vida para cuidar dele. Agora, quando ela finalmente vai conseguir se formar na faculdade, ele se sente na obrigação de retribuir de alguma maneira.
Emília, aos dezessete anos, não quer retribuir nada a ninguém – pelo contrário, seu sonho é sair de casa o quanto antes para não discutir mais com a mãe, com quem sempre teve uma relação conturbada.
O fato de que eles não são um casal nem têm planos de ter um bebê de verdade parece apenas um detalhe. Mas a vida reserva surpresas, nem sempre boas, para quem acredita que é fácil inventar a própria história.

Ian é um garoto responsável de dezesseis anos que foi criado basicamente por sua irmã mais velha, Iris. A mãe falecera quando ele ainda era muito novo e o pai os abandonou. Iris teve que se tornar adulta cedo demais e abriu mão da faculdade e de seus sonhos, afim de proporcionar um futuro bom ao irmão. Ela trabalhava com agências de festas e, ocasionalmente, Ian participava dos preparatórios.

Agora, Iris está grávida de seu namorado, Leo, e super empolgada com a novidade. Ian, no entanto, se sente um intruso, uma pedra no sapato da família que está sendo construída, e também sente como se devesse à Iris, como se agora já estivesse velho o bastante para se virar sozinho e retribuir todo o cuidado e carinho que ela teve com ele por todo esse tempo. Iris era mais do que uma irmã, ela era irmã, pai e mãe.

Um dia, Ian esperava sua irmã sair da consulta com o médico quando uma mulher chamada Catarina o interroga. Na sala de espera, estão também outros casais, mas Ian é o mais jovem, e suas respostas confusas levam a mulher a acreditar que ele a suposta namorada estejam com um bebê a caminho. Depois, a mulher conta que trabalha na produção do programa Novos Pais e que, caso ele e a namorada se interessassem, eles seriam bem-vindos para uma entrevista e processo seletivo. Catarina explica que o programa apresenta o avanço da gravidez das participantes, e mostra a dificuldade que os jovens pais passam. Mas o mais importante da história toda era: Todos os casais ganhavam um cachê considerável.

Ian pensa bastante no caso e decide que essa é a melhor forma de arranjar dinheiro para ajudar Iris. Só faltava a namorada E o bebê.

Na escola, Ian avalia as garotas e, sem grandes motivos, escolhe Emília, sua colega de classe, para embarcar com ele na loucura.

Emilia, por sua vez, tem namorado e se assusta com a proposta, mas tudo o que ela mais quer é sair de casa e se afastar dos pais, então acaba topando.

Só que, é lógico, fingir a gravidez vai ser mais difícil do que eles imaginavam. Entre exames médicos, gravações, mulheres redondas como uma melancia com os hormônios alterados e segredo guardado da família, Ian e Emília vão passar por situações inusitadas e hilárias.

- E o bebê está do tamanho de uma lentilha - Ian parou de andar e olhou para a irmã. Assim que descobrira, ela disse que parecia uma semente de gergelim.
- Você realmente vai comparar o tamanho do seu filho com comida até o final? Quando você for ganhar ele vai ser o quê? Um leitão de pequeno porte?

Eu sabia que conhecia o Bruno Miranda de algum lugar, e é do canal dele no youtube chamado Minha Estante, onde ele resenhava livros. Agora, ele tem um outro canal, que se chama Bubarim.

Esse é o primeiro livro de um youtuber (ou booktuber?) que eu leio e posso dizer que meu pré-conceito foi deixado de lado, mas claro que por motivos de que se trata de uma história inventada, não uma auto-biografia ou algo do estilo. O título já nos deixa com uma pulga atrás da orelha, e a sinopse instiga por completo a curiosidade. Foi uma história boa, gostei da proposta, o autor traz vários assuntos importantes e polêmicos como a gravidez na adolescência, estupro, relações familiares conturbadas, tudo de uma forma leve e divertida, mas tenho minhas ressalvas.

Apesar de colegas, Emília e Ian não sabiam absolutamente nada um sobre o outro. Achei esquisito que eles não tenham ao menos se preparado para as entrevistas, conversado sobre o que gostavam, seus hábitos, para não cometerem gafes nas gravações. Eles vão com a cara e a coragem, e dão algumas respostas que só nos livros mesmo para as pessoas engolirem. Além disso, eles não tem química alguma. Esse fato dá pra relevar, já que eles são mais amigos do que outra coisa, ou eu deveria dizer desconhecidos? Não consegui sentir uma aproximação sincera entre eles fora do interesse mútuo no dinheiro, por mais tempo que eles passassem juntos. Cada um tinha sua vidinha e existia um muro entre elas.

A Emília tinha tudo pra ser uma ótima personagem, mas se mostrou fácil de ser manipulada e meio tapada. Ela é divertida, mas egoísta, como se o mundo rodasse em volta só de si mesma. A relação dela com a família precisava de um desenvolvimento melhor. Sua mãe a odeia, só sabe criticar a menina, mas porque? Não temos uma explicação, nem um indício disso, algo subentendido. É jogado, como se devêssemos acreditar e fim. O namorado, também; não entendi se a intenção era fazer dele um vilão, mas depois o Bruno mudou de ideia e tentou embelezar a situação, ou o que. Emília mesma parecia perdida no namoro. Amava, mas não amava ele.

Em meu ponto de vista, o Ian foi o melhor personagem. De uma preocupação verdadeira, educado, divertido. O Bruno com certeza deveria escrever mais obras inclinadas pro lado cômico.

Narrado em terceira pessoa, pareceu que o Bruno quis mostrar o ponto de vista de todo mundo, de forma que ficou confuso. Uma hora ele tava falando da Iris, no parágrafo seguinte do Ian, e por aí vai. Se ele tivesse um foco, por exemplo, só na Emília e no Ian, e intercalasse a narração em capítulos, teria ficado bem melhor.

Encontrei também alguns erros como a maioria dos nomes com a primeira letra minúscula, falta de enter em algumas partes, mas nada que uma segunda revisão não resolva.

Considerando que essa é a sua obra de lançamento, gostei muito do livro e por isso a nota. Uma história despretensiosa que garante boas risadas.

Nota: 4

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 21 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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