Os Humanos

Nome: Os Humanos
Título Original: The Humans
Autor: Matt Haig
Editora: Jangada
Tradução: Rosane Albert
Páginas: 312
Ano: 2016
Livro: Skoob
Sinopse:

Quando um visitante extraterrestre chega à Terra, suas primeiras impressões da espécie humana são pouco positivas. Ao assumir a forma do professor Andrew Martin, da Universidade de Cambridge, o visitante está ansioso por cumprir a tarefa macabra que lhe foi incumbida e voltar rapidamente para seu planeta. Ele se sente enojado pela aparência dos humanos, pelo que eles comem e por sua capacidade de matar e guerrear. Mas, à medida que o tempo passa, ele começa a perceber que pode haver mais coisas nessa espécie do que havia pensado. Disfarçado de Martin, ele cria laços com sua família e começa a ver esperança e beleza na imperfeição humana, o que o faz questionar a missão que o levou à Terra.

Humanos? Eles existem de verdade? São tão repugnantes e violentos como imaginamos?

Andrew Martin é um professor matemático casado com Isobel, professora de história, e tem também um filho, Gulliver.

Num dia, Andrew desperta no meio da estrada, sem roupas, desconhecendo o próprio corpo. Isso porque ele não era Andrew. Um alienígena fora enviado à Terra na missão de apagar as descobertas realizadas pelo professor, e para isso ele precisava de seu corpo.

Muitos eram os boatos que rondavam sobre a Terra. Os humanos, com seus formatos peculiares de boca, nariz e olhos. Incompreensíveis, sempre agindo com brutalidade, fazendo coisas das quais nem mesmo gostavam.

Você não deve cair jamais na armadilha humana. Nunca deve olhar para um indivíduo e deixar de ver sua relação com os crimes de todos os outros. Todo sorriso humano esconde as atrocidades de que são capazes, e todos são responsáveis por elas, mesmo que indiretamente.

Tudo parecia estranho para ele. A freqüência dos sons, a luminosidade, o modo de cumprimento dos humanos cuspindo em sua direção. Ele corria, perturbado, tentando se adaptar. Mais tarde, foi entender que roubara, e que andar pelo campus da faculdade era considerado uma infração de leis, o que o fez ser levado pela polícia.

Ele não precisava disso. Não precisava sentir e fingir que havia perdido a memória. Que estava doente, que o trabalho havia o esgotado. Ele podia apenas acertar a freqüência e convencê-los de que deviam liberá-lo. Mas eles o mandaram ter paciência. Não temer. Não fugir. Se misturar.



Então ele ficou. Levou um tempo para dominar as palavras e transformá-las em som. Humanos tinham um senso de humor do qual não estava habituado. Ele era sincero. Passou um dia internado, então foi para casa. A casa que abrigava uma esposa de olhos tristes e um filho problemático que o odiava – odiava o pai – com todas as forças. Ele não compreendia o conceito de família. De onde vinha, sentimentos não eram tolerados. Cada um vivia sozinho, exercendo seu papel, contribuindo para um mundo sem guerras e conflitos. Sentimentos eram interferentes, eram o estopim.

Vagarosamente, ele segue efetuando sua tarefa. No entanto, destruir as provas não é suficiente. Ele precisa acabar com todas as pessoas que tinham conhecimento a respeito da descoberta de Andrew, e isso incluía Isobel e Gulliver.

Você precisa agir logo. Não tem a eternidade para isso.
Eu sei, não se preocupe. Não preciso da eternidade.
Eles têm de morrer.
Sim.

Os Humanos é um livro sensível. Ele chega devagar, tímido, e vai tomando conta de um espaço gigante do psicológico. Ele mexe diretamente com o emocional. Enxergar a nós mesmos por um ponto de vista diferente é no mínimo assustador. A imagem que passamos, o que nos tornamos. Matt traz reflexões firmes, critica indiretamente, mostra a realidade escondida por trás da máscara que vestimos todos os dias.

Os alienígenas construídos por Matt são inéditos. Todos temos uma versão do que eles são, e na de Matt, são seres imortais altamente desenvolvidos tecnologicamente que prezam pelo planeta em que vivem. Matt levanta pontos que nos choca, diverte, conscientiza.

No tempo em que permanece na Terra, ele começa a avaliar os humanos de outro modo. Sua violência é uma defesa, e o que torna alguém humano é a preocupação. É cuidar, é ajudar, é amar. Ele nunca teve a capacidade de amar. Nunca conheceu o amor. E a cada dia ao lado de Isobel, cada dia em que sua expressão cabisbaixa é transformada numa surpresa e apaixonada, ele deseja ficar. A cada dia que se sente mais próximo de Gulliver a cada dia que aprende a ser um pai muito mais digno do que o anterior, ele deseja ficar, para cumprir seu novo papel. De amar e ser amado.

Fomos levar Newton para passear no parque. Parques eram o destino mais comum dos passeios caninos. Um pedaço de natureza – grama, flores, árvore – ao qual não se permitia ser verdadeiramente natural. Assim como os cães eram lobos frustrados, parques eram florestas frustradas. Os humanos amavam ambos, possivelmente porque os humanos são... bem... frustrados.

Andrew era um homem talentoso e inteligente que só se importava com prêmios e reconhecimento. A família sempre ficara de segundo plano, e a chegada de Andrew inverteu totalmente essa realidade. Nós nos deparamos com um cenário similar com a de muitas famílias, e a força de um simples detalhe, o valor, faz todo o clima da casa mudar.

O livro foi cedido em parceria com a editora Jangada, e só tenho elogios quanto à edição. As letras tem um tamanho agradável para leitura, revisão ótima, e essa capa, gente? Simplesmente maravilhosa! Todas essas estrelas, o cachorro, e na parte de trás, um alienígena na sombra do humano, representando um significado enorme.

É um livro de balançar as estruturas. Acabei com lágrimas nos olhos, agarrada no livro por longos minutos. Costumo marcar um quote ou outro, mas amei tantos, que decidi colocar todos aqui. Os quotes dizem tudo a respeito do livro por si só. Achei válido colocar, assim como acho mais do que importante todos os humanos e seres de outros planetas lerem. Os seres humanos não são de todo ruim, afinal.

- Eu acho que, se eles têm cérebro para chegar até aqui, devem ter cérebro para não revelar que são alienígenas. Talvez já tenham estado aqui. Podem ter chegado em coisas que não se parecem nada com as naves espaciais de ficção científica. Podem nem ter OVNIs e não haver vôo envolvido no transporte e nenhum objeto que possa falhar para identificá-los. Quem diabos sabe alguma coisa?

Nota: 5

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 20 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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