[DESAFIO DE GÊNERO: Suspense] A Última Vítima

Nome: A Última Vítima
Título Original: Last to die
Autora: Tess Gerritsen
Série: Rizzoli & Isles - #10
Editora: Record
Livro: Skoob
Sinopse:

Quando a família adotiva de Teddy Clock, de 14 anos, é massacrada e o menino torna-se o único sobrevivente, a detetive da polícia de Boston Jane Rizzoli é chamada para investigar o caso. Descobre que a morte cerca o menino: sua família biológica também foi assassinada. Por causa dessa estranha coincidência, Jane logo leva Teddy para Evensong, uma escola isolada no Maine que protege crianças que perderam suas famílias de forma violenta. Porém, o passado de Teddy revela semelhanças assustadoras com as tragédias de outros dois alunos do colégio, Will Yablonski e Claire Ward. Estariam os três adolescentes, já tão marcados pelas cicatrizes da violência, seguros dentro dos portões de Evensong?

Gente, me perdoem!! Eu não fui abduzida, não me linchem!! Mil desculpas mesmo, do fundinho do coração, mas passei por duas semanas de provas infernaais. Tô quase começando a incluir os livros da faculdade na lista de meta, porque fora eles, tá difícil a coisa, só observo meus outros livros choramingando por atenção haha mas julho tá aí, e vou atolar vocês de resenhas. Falando nisso, simbora:

Três crianças distintas. As famílias biológicas delas mortas. Dois anos depois, as famílias adotivas também são executadas. Três massacres que vão manter a polícia ocupada e repleta de dúvidas.

Houve uma chacina na casa da família adotiva de Teddy Clock. Todos morreram (pai, mãe e as três irmãs), exceto o garoto que conseguiu se refugiar na casa da vizinha. O caso inteiro é um mistério; não há digitais, e apenas um suspeito, o namorado da empregada que já tem sido procurado por roubo. Jane Rizzoli, a detetive convocada para a investigação, logo se choca ao chegar à cena de crime. Só em pensar que uma daquelas garotinhas poderia ser sua filha no lugar, o coração doía. E já que ela era uma das únicas profissionais no local que tinha filho, Jane é encarregada de conversar com o garoto, que até então não soltou nem uma palavra sequer. E Jane descobre o quão assustado Teddy está, com medo de que mais alguém se machuque, pois todos ao seu redor sempre acabam morrendo, e nunca iam parar até conseguir encontrá-lo.

Maura Isles, a patologista, aproveita suas férias para se afastar da confusão que se formou em cima do caso, indo para Evensong, o colégio interno onde Julian, seu filho de consideração, estava estudando. Lá, ela se depara com coisas mais peculiares ainda; aquele não é apenas um colégio interno, e sim um colégio onde todos os alunos e professores perderam alguém. Seja pai, mãe, irmão, qualquer parente próximo que os tenham afetado diretamente. E, além disso, as matérias ensinadas são muito mais avançadas do que o normal. Aos 16 anos, Julian tem aulas de arco e flecha para aprender a se defender, aulas sobre plantas venenosas para poder se proteger, e até mesmo faz parte do clube dos Jackals, que são como cientistas, fazendo pesquisas acirradas. Pareciam lições precipitadas para meras crianças. E mesmo quando teve conversas particulares com os responsáveis pelo lugar, ela continuou com a pulga atrás da orelha. Afinal, será que era uma boa escolha mesmo mantê-los tão longe da sociedade, cercados por portões sem escapatória, interagindo só com pessoas na mesma situação, apenas para aprenderem a lidar com a dor?

— É claro. O portão não está lá para nos manter aqui dentro, Dra. Isles, mas para manter o mundo lá fora.

E é também em Evensong onde se encontram Claire Ward e Will Yablonski, os dois outros casos semelhantes ao de Teddy. Claire tem 13 anos e foi atingida no crânio por um tiro no dia da morte dos pais biológicos. Isso a deixou com consequências para o resto da vida; Claire continua aparentemente uma garota normal, apesar da cicatriz, mas seus hábitos noturnos mudaram, ela consegue dormir só 4 horas por dia, e também fala qualquer coisa que venha à mente, sem ponderar antes de dizer. Já Will tem 14 anos e é apaixonado por astronomia, seguindo os passos do pai biológico que trabalhava na NASA. E foi justamente por estar observando os cometas do lado de fora da casa que ele escapou da explosão que matou seus tios, que estavam com a guarda dele. Tanto Claire quanto Will são novos em Evensong, ainda se adaptando ao local, mas aqueles aspectos em comum entre as três crianças incomodaram Maura e Jane, mesmo que os três venham de cidades diferentes e que não tenham nenhuma relação entre si. E numa busca desenfreada, Jane vai atrás de informações a respeito das famílias, enquanto Maura se encabe de proteger as crianças, ao mesmo que eventos inusitados passam a acontecer.

Com 384 páginas, A Última Vítima é uma história que tende a parecer mais longa do que realmente é, de tantos palpites que despontam durante todo o decorrer. Esse fator não é algo negativo, já que os diálogos são bem construídos, as cenas sem tantos detalhes espalhafatosos e desnecessários, o que faz com que a leitura te prenda e você acompanhe a trajetória de pensamentos dos personagens com calma. Não é uma obra recheada de ação, isso é verdade, mas quando a ação aparece, é pra valer. É como estar numa montanha russa, onde o começo é tranquilo, e de repente você está lá em cima, sem nem saber como foi parar lá, despencando com tudo e esquecendo de levar a alma junto. Uma hora estamos caminhando na floresta, e de repente alguém surge morto. E por aí vai. E outro detalhe que adorei é como não é nos dado nem uma pontinha de um possível assassino. Lógico, tem o namorado da vizinha, mas isso já nos é dado de mão aberta. Por isso elas passam tanto tempo encucadas, já que pra elas parece tão claro haver uma ligação entre as crianças, mas a ausência de um único suspeito sequer é intrigante.

Como o pai de Will trabalhava na NASA, os colegas dele chegam a afirmar que ele descobriu a existência de extraterrestres. E gente, eles retrataram esse assunto de forma tão delicada, que eu inclusive cheguei a acreditar. Uai, porque não? As duas crianças foram salvas por uma mulher misteriosa que depois desaparecera. Pra mim parecia uma hipótese boa, e até fiquei empolgada, porque mesmo sendo uma obra policial, e não sobrenatural, aquela resposta se encaixaria super bem. Maas, né... Não vou ficar soltando spoilers kkk O livro destaca bastante também resoluções patológicas, como por exemplo nas necropsias. Os alunos da patologista são loucos por perícia criminal, e vivem pedindo pra que ela conte mais sobre o trabalho, mas o interessante é que o livro mostra exatamente o outro lado da perícia, o qual deixamos de lado, o qual esquecemos e colocamos a magia no primeiro lugar. Ele mostra como nem tudo são flores, como é triste ver aqueles corpos, uma família inteira morta, como aquela realidade machuca. Esse foi realmente um ponto positivo, porque é raro ver as pessoas apontando a dor que vão ter de enfrentar nessa profissão, que não é apenas reconhecer os sinais e acabou. Vai muito além disso. Mexe com o emocional da pessoa.

— É por isso que estamos aqui. Por isso escolhemos este trabalho. Raiva é o combustível que nos mantém em movimento.

Quanto ao final, é por ele que não dei nota máxima. Porque alguns autores tem a mania de desenvolver o livro de forma magnífica, pra chegar no final e resolverem correr com o término? Talvez eles gastem tanto tempo preparando todo o desenrolar que pro final o que eles mais querem é que acabe logo pra jogar pro ar. Mas eu achei que o final devia ser algo merecido também, e não foi o caso. Aconteceu tudo muito, muito rápido, foi uma enxurrada de revelações que te fazem ficar perdido e se perguntar como diabos chegaram naquelas conclusões. Muitas partes ficaram confusas, sem uma explicação concreta, várias pontas soltas, então o desfecho realmente deixou a desejar. É uma pena, porque todo o resto é maravilhoso, e se for considerar essa parte, eu super recomendo a leitura. É ágil, engenhosa, e aborda o assunto com foco e maestria.

Nota: 4

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 20 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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