O Reino das Vozes Que Não Se Calam

Nome: O Reino das Vozes Que Não Se Calam
Autoras: Sophia Abrahão e Carolina Munhóz
Editora: Rocco – selo Fantástica
Livro: Skoob
Sinopse:

Em sua estreia na Rocco e marcando também a chegada do selo Fantástica, a escritora Carolina Munhóz, ganhadora do Prêmio Jovem Brasileiro por seu primeiro livro, A fada, apresenta O Reino das vozes que não se calam, escrito em parceria com a atriz e cantora Sophia Abrahão. Espécie de conto de fadas contemporâneo, em que um mundo mágico é palco para uma história de autoconhecimento e o poder dos sonhos, o romance conta a história de Sophie, uma garota cansada de sofrer com a indiferença das pessoas até descobrir um Reino onde seus talentos são reconhecidos. Cedo ou tarde, porém, ela terá que decidir entre a realidade e a fantasia, numa jornada repleta de descobertas e desafios.

Queria poder dizer que gostei desse livro tanto quanto todas as outras pessoas, mas infelizmente essa não é a verdade. Peguei esse livro com muita expectativa, muito também pela divulgação, e talvez esse tenha sido meu erro. Ou não, ele é simplesmente desgastante mesmo.

Logo nas primeiras páginas Sophie já aparece reclamando. Da vida, das pessoas, do colégio, da família, de tudo. E tá certo, por um lado ela tinha razão, então até certo momento era aceitável. Por exemplo, no colégio, ela sofria a pior coisa do mundo: Bullying.

Mas de novo bullying? Pois é, resenhei um livro com essa temática faz bem pouco tempo, e cá estamos de novo. E gente, se esse assunto é retratado com tanta frequência, é porque essa realidade ainda não teve fim, e é algo que causa muito sofrimento às crianças/adolescentes. Acho ridículo e sem escrúpulo quem pratica tal ato, ainda mais porque todos nós temos defeitos, até mesmo aqueles que aparentam ser a perfeição em pessoa. E a história aborda o bullying de uma forma que eu ainda não havia visto antes. Sophie não é gorda ou conhecida por feiura, e sim pelo fato de ser extremamente magra. As pessoas se queixam de estar fora do peso, mas eu não lembro de reclamarem por ser magro demais, então isso chamou minha atenção.

Sophie tem uma única amiga de infância, chamada Ana. Já que a vida está sempre conspirando contra ela, Ana é justamente uma das pessoas mais populares do colégio. Ela sempre tenta enturmar Sophie, a mantêm em seu grupo, mas os amigos dela não apreciam muito a presença da garota. Aliás, todos os personagens daquele colégio são bem estranhos, mas enfim. O pior é a diretora esquentar a cabeça com a forma física da menina. Gente, onde já se viu isso? Nunca vi diretor se intrometendo na vida do aluno por ele estar magro ou gordo demais, indicando psicólogos e nutricionistas. Eles nem tem direito de opinar na forma como a família cria o filho. Completamente absurdo e sem noção.

Como Ana está sempre tentando ajudá-la, ela tenta juntar Sophie com um amigo numa festa, mas quando chegam lá, ele está se agarrando com outra e diz que foi forçado a dizer que topava se encontrar com Sophie. Devastada e completamente decepcionada com Ana, ela volta pra casa e chora até dormir e se sentir sendo sugada pra outro mundo. De princípio, ela não acredita que todo aquele Reino, repleto de flores, criaturas mágicas que falam, e um cenário encantador, possa ser verdadeiro. Quando lhe contam que ela é a princesa que eles estiveram esperando por tanto tempo, aí é que parece piada mesmo. Mas aquilo se torna um refúgio pra Sophie. Sem amigos e totalmente arrasada, ela tenta descobrir mais sobre aquele lugar, e torce pra toda noite ser levada de volta pra lá.

No entanto, um monte de situações relacionadas a família e um garoto novo no colégio, chamado Léo, a fazem ficar perturbada e perder o controle das coisas. Talvez Sophie precise primeiramente reorganizar sua vida na Terra pra um dia conseguir ser feliz.

Parece simples, não? Pois é isso mesmo, a história inteira. Sophie reclamando, desejando um dia poder ser feliz. Discutindo com seus pais, sendo ignorante pra caramba, e isso me tirou completamente do sério. Como a menina quer ser feliz, se ela trata mal os próprios pais? Eles fazem de TUDO por ela, sem brincadeira, e ainda assim ela só sabe ser idiota com todos ao seu redor. Chegou uma hora que eu nem torcia mais por ela. O drama e exagero fizeram a história ficar bem arrastada e até difícil de encarar. Léo é que dá uma pincelada de tranquilidade e humor, mas até ele eu não aprovei. Sabem o porque?

De início, a impressão que passa ao leitor é que o Reino é, sim, apenas uma invenção de Sophie pra escapar da realidade, e eu não acho que isso transmita um bom significado. Por experiência própria, aprendi das piores formas que fugir do que está na sua cara é a pior das coisas, e isso foi exatamente o que Sophie fez o livro inteiro. Fugir, de si mesma e de todos que claramente queriam seu bem. Pra uma pessoa que leia o livro e esteja numa fase difícil, por exemplo, não acho que seja bom. Pode servir de consolo, mas não é como se um Reino fosse aparecer na sua vida. E aí o leitor fica frustrado, esperando o seu Léo aparecer pra dar uma luz à sua vida. E a realidade não acontece assim. Eu sei que o livro é de fantasia, e a intenção é viajar mesmo, mas as atitudes de Sophie me irritaram maior parte do tempo, e a introdução dos personagens foi muito superficial, como se enfiassem eles lá só pra exercer seu papel, mas sem uma desenvoltura própria pra isso. Talvez a história seria bem melhor se Sophie não fosse tão velha reclamona infeliz com tudo e se as passagens envolvessem o leitor com maior naturalidade.

Nota: 3

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 19 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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