Noite sem Fim


Nome: Noite sem Fim
Autor: Roberto Campos Pellanda
Série: O Além-Mar #1
Editora: Tarja Editorial
Livro: Skoob | Site
Sinopse:

É sempre noite na Vila.
A Vila é um lugar sereno; calçadas de pedra iluminadas pela luz amarelada dos lampiões.
A cada seis meses um navio deve partir para o Além-Mar. É a Lei dos Anciãos.
Os navios nunca retornam.
Todos temem o horror sem nome que vem do Além-mar.
Saber demais é perigoso. Alguns livros são proibidos. É a Lei dos Anciãos.
É sempre noite na Vila; e nenhuma noite é mais escura do que a noite da Vila.


Como começar a resenha de um livro que me conquistou completamente?
Li Noite sem Fim para um BookTour... Assim que comecei a lê-lo, fui fisgada. E lá se vai uma tarde inteira, presa na pequena Vila criada por Roberto C. Pellanda. E eu me apaixonei tanto, que simplesmente não consegui fazer a resenha para o BookTour! Desculpei-me várias vezes com o autor, mas eu estava sem tempo e uma resenha dessas precisava de um pouco mais de preparação para mim - principalmente porque, na época, eu estava travada com as resenhas.
No final, eu acabei comprando o livro (sério. quem não deseja essa capa maravilhosa na estante?) e relendo com mais calma, para poder trazer essa resenha para vocês hoje! (Eu ia emprestar pra Carol, mas deixa pra próxima.)

Na verdade, ninguém na Vila (com exceção daqueles que iam para Além-Mar) conhecia qualquer outro lugar. Os Anciãos, aqueles que supostamente sabiam de tudo, afirmavam com veemência que a Vila era única no universo. Eles diziam que era por isso que os navios que se afastavam muito jamais retornavam: eram engolidos pelo vazio.

A Vila é um local escuro e com um clima um tanto quanto sombrio e sereno. Os dias de quem lá vivem, os horários de trabalho, são sob a escuridão de um céu sem Sol, iluminado apenas pela luz amarela dos lampiões que recobrem a Vila.
Os cidadãos da Vila vivem às regras das Leis Anciãs, Leis absolutas que foram criadas apenas para a prosperidade da população e não devem ser contestadas. Eles se acostumaram a viver com medo de tudo: da Cerca, do Além-Mar e dos monstros que este traz... Acostumaram, inclusive, a ver os navios partirem a cada seis meses para o Além-Mar, numa viagem sem volta, mesmo sem nem mais terem certeza do porquê era feito.

A partida dos navios a cada seis meses era a batida que embalava e dava o ritmo da vida na Vila. (...) Hoje o Intrepid era lágrimas, amanhã saudades e depois apenas uma lembrança.

Restrições, medo, escuridão e um toque invisível de magia encobrem a vida de Martin Durão, que vive agora, órfão, com seu tio e seu primo, após a partida do pai para o Além-Mar no Tierra Firme. Martin possui dois melhores amigos, amantes dos livros como ele: Omar, o filho do padeiro, e Maya, filha do livreiro.
Contudo, Martin sempre foi de pensar e questionar demais. E a coisa começa a piorar quando ele presta cada vez mais atenção nas injustiças das Leis que regem a Vila desde sempre; assim, ele começa a se questionar e a questionar seus amigos...
Por que os navios têm que partir a cada seis meses? O que acontece se eles não partirem? Por que apenas um navio voltou, durante toda a História da Vila? O que há no Além-Mar? E por que uma mãe não pode chorar e se revoltar pela perda de seus filhos para o Além-Mar, sem que seja presa pelos Capacetes Escuros?

Martin sempre percebera que os Anciãos defendiam aquele ponto de vista com muito vigor, talvez até mesmo com raiva. Mais de uma vez teve vontade de questioná-los; como podiam ter tanta certeza? Eles próprios nunca haviam deixado a Vila. E por qual motivo os navios zarpavam a cada seis meses para o Além -mar? Por que haveriam de partir se não existia nada lá fora?

Revoltado com tudo o que acontece e o silêncio do povo, Martin se vê preso num mistério quando ouve uma conversa do tio, no meio da noite, envolvendo ele, seu pai e seus amigos. Martin começa a perceber, a partir daí, que seu pai teve outra vida além da que ele conhecia, que ele fez algo grande e que mexeu com os Anciãos. E é tentando desvendar o mistério do por que o pai partiu para o Além-Mar e quem foi, de verdade, Cristóvão Durão, que Martin se vê criando um clube de leitura de livros proibidos pelos Anciãos, desafiando tudo aquilo que sempre foi crido na Vila.

A partida (e o sumiço dos galeões) são assuntos proibidos na Vila. Em conversas de taberna e nos cochichos assustados em ruelas da Vila, especula-se que são as criaturas que vivem no Além-mar as culpadas pelo desaparecimento dos navios.

Há no livro uma personagem que me interessou muito, as morfélias. Elas são basicamente senhoras gordas, empregadas, de pensamento linear e sem sentimentos humanos, mas ainda assim eu gostei muito! Os outros personagens, todos são muito marcantes de seu jeito. Apaixonei-me por alguns que logo depois tive que me despedir, o que apenas mostra o dom do autor de criar personagens realmente cativantes e de fortes personalidades: todos com suas qualidades e problemas que os tornam mais humanos - menos as morfélias, claro.


A escrita de Roberto flui muito fácil. Não sei como considerar esse livro. Talvez um infanto-juvenil, mas com certeza um livro que conquista qualquer idade com sua história cheia de mistérios. É o tipo de leitura que te joga dentro de um universo completamente diferente, te faz imaginar toda as cenas correndo bem na sua frente: a noite, os lampiões, o quebrar das ondas na mureta de pedras. Dá pra sentir a magia no ar de Noite sem Fim, apesar de não se falar de fato (ou esclarecidamente) da magia no livro. Não há como largar a leitura, sem ficar se coçando para saber quais serão as próximas descobertas.
Além disso, tem o lado dos livros proibidos, que são um dos pontos principais. O sentimento de Martin por eles, com certeza nos aproxima dele; não só dele, mas de vários outros personagens. Há uma declaração de amor e respeito pelos livros muito forte no livro, bem perceptível. E eu amei isso.

Gostei bastante da diagramação da editora, e devo ter achado apenas dois errinhos de revisão, nada que atrapalhe a leitura.
Aguardo ansiosamente pelo dinheiro no bolso para poder comprar o segundo livro da série, O Primeiro Amanhecer, que lançou esse ano (se não estou ficando louca). A capa é maravilhosa também, e o prólogo - que eu já li - me deixou doida. Hahahah, juro! Sinto que muitas coisas ainda precisam ser explicadas, coisas que me deixaram realmente intrigada (a Cerca. Sério.) e eu não vejo a hora de poder voltar para esse mundo e para os personagens!

...As coisas que estavam discutindo fazia em pedaços as regras básicas do mundo como as conheciam. Depois daquilo, sobrava pouca coisa a que se segurar.

Recomendo!

Nota:  ★★★★★

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